Quem está preparado para amar? - Sergio Savian



Éramos obrigados a estar dentro de um relacionamento, engolíamos muitos sapos, aceitávamos o destino de viver para sempre

com uma pessoa, mesmo que a convivência fosse infernal. Mas

agora tudo mudou, pois ficamos mais conscientes de nós mesmos,

queremos mais. Se antes o importante era o fato de estarmos comprometidos com alguém ou o tempo que durava o relacionamento,

agora vale a qualidade do encontro. Questionamos as regras, a falta

de liberdade, o jeito mecânico dos relacionamentos. Não queremos

mais nos sentir prisioneiros de relacionamentos complicados.

Descobrimos que o “felizes para sempre” era uma fraude.

No passado havia muita angústia, repressão e frustração. Os

homens levavam e as mulheres eram levadas numa dança que

está ficando para trás. Hoje é mais fácil ver mulheres bem mais

determinadas que os homens. Elas se cuidam bem, ganham o seu

dinheiro, sabem o que querem; eles estão começando agora a sua

revolução de comportamento, e, em decorrência, ocorrem desencontros, até que os dois lados acertem o passo novamente.

A sensualidade e a aparência se tornaram referências de vida

para muita gente. E os que buscam o amor, aqueles que ainda

querem um relacionamento com profundidade, não encontram

condições para isto. Parece que virou loteria achar alguém que

queira se envolver de verdade. O amor está mais livre do que

nunca e, para sobreviver, ele exige coragem, autenticidade e criatividade. Além disso, é preciso que ele seja cuidado, com extrema

sensibilidade, pelos amantes.

Mas quem está preparado para tanto? As pessoas tentam se

encontrar, tentam se relacionar, mas estão bem desajeitadas. O seu

repertório de comunicação e o jeito de proceder ainda estão bastante

impregnados dos conceitos antigos, que não são compatíveis com

o momento atual e anulam qualquer boa vontade para amar.

À pergunta sobre quais as qualidades exigidas, para se escolher uma pessoa, apresenta-se uma grande lista: tem de ser sensí-

vel, inteligente, companheira, fiel, trabalhadora, honesta, sarada,

bem humorada, alta, magra. Este modelo ideal é observado entre

heterossexuais, homossexuais, adolescentes ou adultos. É a ilusão

da cara metade, da alma gêmea que, diga-se de passagem, nunca

vem. Por isso há tanta gente só ou que não tem paciência para

aprofundar uma relação. Se não for do jeito que queremos, nada

feito. E mesmo que o par perfeito exista e apareça, é preciso muita

habilidade para manter esse amor vivo. Somente a experiência

real, com muitos erros e acertos, faz-nos chegar a uma situação

emocional de convivência harmônica e satisfatória. Neste sentido,

o amor de nossa vida nunca vai cair do céu.

O que está acontecendo, afinal?

Estamos exigentes conosco mesmos. Temos defeitos, pontos

fracos, imperfeições, mas fomos educados para não aceitarmos

este fato. E tentamos, a todo custo, disfarçar nossas vergonhas, protegendo-nos com uma máscara, com atitudes de auto-afirmação,

fingindo que somos seguros e bem sucedidos. Não abrimos mão

de nossas convicções sobre o certo e o errado e vamos, cada vez

mais, distanciando-nos do ser humano de carne, osso e coração que

somos. O que faz com que tenhamos intimidade com outra pessoa

é exatamente a naturalidade, a espontaneidade, o sentimento de

que somos reais e, como nós, a outra pessoa também é. Só assim

permitimos, de fato, que o amor aconteça.

Se conseguirmos olhar para nós mesmos com olhos mais

condescendentes, se reconhecermos nossa vulnerabilidade, já é

um passo. Assim ficamos mais humanos e permitimos que alguém

também humano se aproxime de nós, mesmo que esta pessoa tenha

lá suas imperfeições e fraquezas.

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