Moça bonita,
de pele morena,
cabelos compridos,
olhar sensual.
Não é a Tereza
da lida cansada
de ver tantas guerras
em seu coração.
Nem mesmo a Helena
do ilustre Machado
que assiste ao dilema
e ao fim da ilusão.
Não é Manuela,
amante de Quincas
que em berro revela
que a morte é bem-vinda.
Mas morta está Dora,
ardente na areia.
Bem antes da hora
se fez uma estrela.
Pastores da noite
perguntam de novo:
Quem tem o açoite
de um beijo tão doce?
Não é Iracema
dos lábios de mel.
Não tem dois maridos.
Flor? Também não é...
Sequer é Ester,
tão culta e bonita,
na busca ela quer
outra terra infinda.
Não é a Tieta
que veio do agreste.
Ela é bem mais jovem,
por vezes, moleque.
Não é de Ipanema,
mas anda com graça,
provoca zoeira
por onde ela passa.
Tocaia ligeira
desvenda o disfarce:
Seara vermelha
é tenda milagre.
Parece andorinha
do gato angorá.
Cacau da Bahia,
seu charme é de lá.
Perfume de cravo,
A cor ? De canela.
No sonho de Amado
ela é Gabriela.
Poema premiado no Concurso "De Vidas Secas a Gabriela" coordenado pelo Centro Cultural São Paulo e o grupo Poemas a Flor da Pele.