O ACAMPAMENTO FATAL - José Cláudio da Silva

 Lia no escritório. De repente, fez silêncio. Televisão, rádio, videogame, computador, violão, guitarra...

Tirou os olhos do livro. Sentiu um arrepio na espinha. Vagarosamente olhou para a porta. Viu a tempestade, o ciclone, o tufão se aproximando. Seus dez sobrinhos e os dois filhos, todos adolescentes, olhavam-no silenciosamente. 

Incomodado, sorriu amarelo, verde e roxo. 

 - O que vocês estão fazendo aqui? Onde estão as mães de vocês? 

- Nossas mães nos mandaram ficar aqui – disse Marina. 

- Como!!? - É, tio. Elas saíram juntas. Foram a um tal de Clube das Mulheres - disse Bruna. 

-Não acredito!! 

-É verdade, tio – disse Giovani. 

- Mas aqui não cabem vocês todos! Por que vocês não vão passear no shopping? 

- Não estamos com vontade – disse Maryana. 

-O que vocês querem fazer? 

-Não sabemos ainda – disse Daniel. 

Nuvens escuras cobriam o céu do escritório. Nuvens pesadas e gordas. O estrago seria grande. Precisava se livrar deles. 

-Peguem livros e leiam. Todos riram diante de uma proposta tão indecente. 

 - Tio...

-Sim? 

As nuvens já cobriam todo o céu do escritório. A escuridão tomava conta de tudo. 

-Nós queremos... 

-Não!! 

-Mas eu ainda não disse! 

-Não precisa dizer. A resposta é não. 

 As primeiras gotas grossas começaram a cair. 

-Nos queremos acampar – disse Lucas. 

A chuva caiu furiosa gerando ondas gigantescas em mares nunca dantes navegados. Um pouco de exagero, talvez, mas aquelas crianças deviam ser malucas.

-Vocês estão loucos!!!!??? 

-Por que? 

 - Eu não vou acampar com doze adolescentes encrenq... espertos. 

-Por que não, se somos espertos? 

-Não estou cansado de viver. 

Um vento forte levantou as folhas de papel que estavam sobre a mesa. As árvores se curvaram em respeito ao vento que zunia dentro do escritório. A escuridão, o ar pesado dificultava o raciocínio. 

-Mas... 

A água inundou todo o escritório: 

-O senhor prometeu – disse Daniel. 

-Eu!!?? -Sim. 

-Quando eu fiz essa loucura? 

-No aniversário do André. 

 -Eu devia estar bêbado. Não devemos dar importância às palavras de um bêbado. 

-O senhor não bebe – disse Juliana. 

- Comecei naquele dia e já falei besteira. Mirem-se no meu exemplo e não bebam. 

- O senhor prometeu para todos nós. Agora não quer cumprir – disse Mayra. 

- Marquem o mês que eu marco o ano. 

- Nós queremos ir já – disse André. 

-Janeiro chove muito. Não vai dar certo. 

- É o nosso mês das férias – disse Maurício. 

-Férias. Queremos aventura. 

-Ler é uma aventura.. . 

-Falsa. 

-Está certo... nós vamos. 

A tempestade acalmou. Os ventos pararam de soprar. Uma calmaria invadiu o escritório. Sobrou o vazio. Sonhara? Não. O pesadelo estava apenas começando. 

-Quando partiremos? – perguntou Vinícius. 

-Depois de amanhã estejam todos aqui. 

O fatídico dia chegou. Na manhã seguinte, embarcaram num carro alugado que os deixou na reserva da Juréia, em Peruíbe. Depois de sete dias voltaria para buscá-los. Entraram na mata. Caminharam durante horas. Escolheram o lugar para armar as barracas. Ali perto havia a entrada de uma caverna. Mas tarde iriam explorá-la. 

Final da tarde. O sol sumiu atrás de nuvens pretas. Uma tempestade desabou sobre todos. Pegaram algumas coisas e correram para a caverna. Quando todos entraram, um deslizamento de terra fechou a entrada. Toneladas de terra desceram.

Aquelas seriam suas piores férias.

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