Ela estava fazendo a coisa certa? Sara gostaria de saber, mas a verdade era que ela havia perdido a confiança em seus instintos havia muito tempo. Ou talvez apenas tivesse perdido a confiança em suas próprias decisões, especificamente quando trocara Califórnia por Paris.
Quando ela pensava tudo o que tivera de abrir mão para viajar e encontrar-se, seu coração doía, de verdade. Ela sofrera durante os cinco anos em que estivera fora. Trabalhou com moda, mudou-se várias vezes, tudo com o objetivo de amadurecer, mas a verdade era muito menos interessante.
Ela esteve fugindo.
E quando percebeu aquela verdade dolorosa, teve que encarar o resto. Que a fuga deveria chegar ao fim. Que deveria aprender a lidar e encarar suas emoções, independente do quanto isso a assustava.
Então voltou para a Califórnia com alguns objetivos bem definidos. O primeiro era encontrar a felicidade. Para fazer isso, teria que reparar todos os seus erros.
E qual era seu maior erro? Ter abandonado Sam e o melhor relacionamento que já tivera.
Mas sabia que ele nunca aceitaria conversar se ela simplesmente pedisse. O que a fez forjar esse esquema doido para atraí-lo.
Depois de pelo menos meio quilômetro de caminhada pela trilha estreita, chegou numa encruzilhada onde poderia seguir em frente ou pegar uma nova trilha à esquerda. Nenhum dos dois caminhos parecia familiar.
- Droga.
Fazia muito mais frio no lugar do que ela se lembrava. E sua blusa fina e a calça cargo – embora perfeitamente na moda e feitos por ela mesma – não protegiam contra o mau tempo. O vento chicoteava por todos os lados, embaraçava seu cabelo, machucava suas bochechas, e ela começou a pensar se havia agido certo ao forçar um encontro com um homem que provavelmente a odiava.
Mas ela precisava tentar. Ela não teria paz até tentar.
- Então a questão é - perguntou-se ela - esquerda ou em frente?
- Direita.
Oh Deus. Ao ouvir aquela voz baixa, sexy e familiar, tudo dentro dela tremeu e quando se virou, colocou a mão em seu peito, porque parecia que o seu coração iria explodir.
Lá estava ele. Sam Reed. Um pouco mais de 1,80m, esguio, um homem rudemente sexy. Cabelo curto e escuro como os olhos. Um tom de pele maravilhoso herdado de sua mãe de origem latina. Vestia calça cáqui baixa na cintura e uma blusa azul escura com as palavras “Procura e Resgate Divisão Santa Rey” no peito. Ele não estava sorrindo, mas ela sabia que quando ele sorria era um sorriso doce, charmoso e com um tom de maldade.
Não que ele fosse sorrir para ela, não agora, talvez nunca mais. Tudo que ela queria era se jogar em cima dele. Apenas segurá-lo com força e nunca mais deixá-lo escapar.
Mas ele certamente não estava sentindo a mesma necessidade, e ela conteve a vontade, lembrando de que era responsável por aquele olhar de raiva no rosto dele.
- Ei - disse ela suavemente. - Então nós viramos à direita para chegar ao nosso lugar?- Nós? - Ele enfiou as mãos no bolso. - Não há nenhum nós, Sara. Não mais.