Tempestade - Cap. I - Jill Shalvis



Nu e ainda exausto, Sam Reed estava deitado de costas em sua cama, olhando para o teto e pensando na ironia de que, como bombeiro, sua vida estava diariamente em risco e, mesmo assim, quase fora derrubado por um resfriado.
Patético.
Graças a Deus começava a se sentir muito melhor. Ele tentou levantar a cabeça e ficou feliz quando não tombou de volta. Já era um progresso. Fazia quatro dias que ele não trabalhava, e o remédio para dormir ajudou. Sua febre cessou. E, melhor ainda, quando se levantou não teve vontade de morrer por causa do movimento.
Bom.
Tomou banho, se vestiu e dirigiu para o drive-thru mais próximo para sua primeira refeição de verdade em muitos dias. Estacionou na praia para tomar um majestoso café da manhã enquanto admirava os ventos fortes e a tempestade que se formava criando perfeitas ondas californianas de 1,5m que ele queria estar aproveitando. Quando ia dar mais uma garfada cheia de colesterol, recebeu uma mensagem do Procura e Resgate onde fazia horas extras todo mês. Havia uma montanhista perdida em Big Falls Canyon.
E uma terrível tempestade se formando, também. Droga.
Big Falls era a montanha na periferia de Santa Rey, e embora a trilha estivesse há apenas alguns quilômetros da civilização, uma vez iniciada a caminhada ao redor das gigantescas coníferas e pinheiros centenários tornava-se muito fácil se perder na imensidão da floresta. Acontecia o tempo todo, por isso o serviço de Procura e Resgate se mantinha tão ocupado. No entanto, se perder durante uma tempestade poderia significar morte certa.
Ele desprezou o restante da comida, engoliu rapidamente metade do suco de laranja para se abastecer de glicose e partiu para o centro de operações do P&R – o posto na base da Big Falls.
Porém o posto estava fechado, como normalmente ficava num dia de semana fora da estação pela manhã. Hum. Ele viu o envelope preso no canto da porta. O envelope tinha seu nome, assim como o bilhete que estava dentro. A caligrafia feminina, pequena e elegante era estranhamente familiar, e quando ele começou a ler, as palavras o sufocaram.

Querido Sam,
Sim, estou de volta. Desculpe por trazê-lo aqui com falsas desculpas, mas eu sabia que esta era a única maneira de você concordar em falar comigo.
Além disso, não é uma desculpa totalmente falsa. Subi a trilha esperando por você, indo em direção ao ponto onde costumávamos ir. Provavelmente já estou perdida tentando encontrá-lo.
Por favor, não me deixe aqui sozinha. Já faz cinco anos, e acredite, eu vou precisar de você.
Sua Sara

Sara.
Só o seu nome trouxe à tona todas as lembranças. Jovem e totalmente apaixonado por ela durante o ensino médio. Jovem e totalmente apaixonado por ela durante o curso de bombeiro, enquanto ela fazia design. Jovem e totalmente apaixonado por ela até o dia que ela o trocou por Paris e pelo mundo da moda.
Sem uma palavra.
Mas isso aconteceu havia cinco anos. E ele a esquecera. Completamente.
Então por que seu estômago estava revirando?
Levantou a cabeça e olhou para o céu que estava escurecendo, depois para a trilha desaparecendo montanha adentro numa série de voltas e reviravoltas. Ela perguntara se ele se lembrava do local deles.
Ele se lembrava.
E se ela estava indo em direção àquele local, teria uma surpresa nada agradável. Não havia mais uma trilha até o posto abandonado, e ela realmente poderia se perder fácil, fácil.Ele considerou ignorar. Porém, nunca ignorara um estranho, então ele não poderia fazer isso com alguém que estava longe de ser um estranho, apesar de toda a sua vontade. Ao invés disso, xingou e caminhou em direção à droga da trilha.


Fonte: Harlequin Books

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