Uma menina má - Julie Elizabeth Leto - Cap. 5


CAPÍTULO CINCO
No momento em que eles chegaram à rua Bourbon, Lauren estava exausta. Tinham visitado todos os lugares do passado. O local em Jackson Square, onde eles haviam se encontrado quando ela deveria estar passando a noite com uma amiga. A loja na Royal, onde Luc escolhera e comprara seu vestido para o baile de formatura. Até mesmo o apartamento de aluguel barato no qual ela morara.
Encarar as memórias, tanto as boas quanto as más, não a cansara. Nem o calor. O que fazia seus músculos doerem e dificultava sua respiração era algo simples: não tocar em Luc. Ou, mais precisamente, não ser tocada por ele.
O gosto da boca máscula e sensual, a sensação do corpo sólido e rígido contra o seu ainda ressonavam no interior de Lauren. O aroma almiscarado da colônia masculina impregnara as roupas dela, e passou a persegui-la a cada vez que respirava.
Ele pretendera surpreendê-la contra a porta do quarto de hotel e assumir o controle da sedução que ela lhe prometera no Café du Monde. Mas Lauren virara o jogo e o seduzira, assumindo a liderança, uma tática de sobrevivência cuja intenção era mostrar-lhe que ele não podia mais usar o desejo para manipulá-la.
Como estivera errada! O encontro apenas despertara o desejo ardente que vinha negando por anos.
Na verdade, Luc ainda podia fazer seu corpo vibrar com desejos femininos e primitivos, e Lauren se deu conta de que continuava pronta para ele. Em chamas.
A excitação dela aumentava conforme eles passeavam pela cidade. Luc tinha tomado cuidado para não tocá-la ou permitir algum contato com suas mãos ou o corpo. Ainda assim, acariciava-a com os olhos, seduzia-a com palavras. Com a respiração quente contra sua orelha. Com a risada selvagem e irreverente.
- Que tal entrarmos aqui? - Ele apontou para um grande edifício na esquina da Bourbon com a Iberville, um lugar que Lauren nunca vira antes, e que esperava que fosse barulhento e nem um pouco íntimo, onde pudesse recuperar o controle.
No que dizia respeito a Luc, todavia, Lauren não tinha muita esperança.
- Storyville? - Lauren leu na placa do estabelecimento.
- Você quer saber o que é excitante e novo em Nova Orleans...
- O lugar pertence à sua família?
- Não, Ren. A outra família é a dona.
Lauren sorriu, grata por ainda saber o bastante sobre a rivalidade entre as famílias donas de restaurantes em Nova Orleans, e não ter de questionar Luc sobre o comentário. Também não estava surpresa por ele frequentar um estabelecimento de um concorrente.
Luc Dupre não se tornara um homem rico limitando suas experiências. Experimentava a maioria das coisas uma vez, o que lhe proporcionava um misto de conhecimento e mundanismo que atraíra Lauren quando eles eram jovens, e continuava a atraí-la.
Após uma pequena conversa com o maître, eles foram conduzidos do café jazz de Storyville para o jazz parlor, um salão pintado de vermelho e com uma decoração colorida que falava de romances proibidos.
Cubos de velas brilhavam nas mesas. Uma dúzia de abajures debruados em dourado resplandecia, cor de âmbar e vermelho, no bar de madeira polida. O piso de concreto parecia couro cru macio, e as cortinas vermelhas, também debruadas em dourado, poderiam muito bem ter sido penduradas no verdadeiro Storyville, o bairro da luz vermelha da velha Nova Orleans.
- Isso parece o interior de um bordel - comentou Lauren.
- Sim. É ótimo, não?
O garçom levou-lhes dois drinques em copos curtos e largos. Lauren deu um gole no uísque adocicado, permitindo que o líquido quente deslizasse por sua garganta. Um calor instantâneo a percorreu, relaxando os músculos que estiveram tensos de desejo o dia inteiro.
- Eu posso usar este lugar em meu artigo. É muito provocante, sensual.
Luc bebericou seu drinque, obviamente não precisando olhar em volta para concordar.
- Fotografias, certo?
- Sobretudo. Mas o texto tem de ser sexy, também. Tenho lido alguns romances para encontrar uma cadência para minhas palavras. Essas mulheres têm o erotismo sob controle.
Ele deslizou a cadeira para mais perto. A respiração com aroma de açúcar e uísque acariciou o rosto de Lauren.
- O que você escreveria?
- Depende da foto.
- Descreva a foto para mim. Vou até mesmo fechar os olhos.
Ela observou os cílios de Luc baixarem, o lábio inferior quase formando um biquinho na expectativa.
- Eu não sei.
Luc umedeceu os lábios, que se curvaram num sorriso.
- Vamos, Ren. Deixe-me ajudá-la a começar. Você tinha um bilhete anexado no item Clube de Jazz naquele guia turístico que comprou. Escreveu “doce” e “a coxa dela sobre a mão dele”. O que era aquilo?
Lauren deu mais um gole no seu drinque. Não estava tão espantada que ele tivesse lido suas anotações, mas perguntou-se por que Luc gastara tempo memorizando os estranhos rabiscos que ela fizera no avião.
- Dança.
As pálpebras de Luc se fecharam de novo.
- Que tipo de música?
- Alguma coisa... excitante.
- Jazz? - perguntou ele.
- Não. Mais alto. Um som frenético.
Zydeco.
- Sim.
Lauren não pôde evitar de fechar os olhos também.
Fazia anos, mas a música country cajun, em tom baixo, tocada com colheres em tábuas de madeira, e com levadas frenéticas de acordeons, sempre a agradara.
Era selvagem, divertida, estridente e mundana.
- Dance comigo.
- A banda está no intervalo. - Lauren se esquivou do toque de Luc em seu braço quando ele se afastou rápido da mesa.
Dois minutos depois, e provavelmente uns cinquenta dólares mais pobre, Luc retornou e estendeu-lhe a mão. O suave jazz de fundo desapareceu quando a banda voltou a se posicionar no palco. Em poucos segundos, os cinco homens começaram a tocar uma melodia zydeco, com a letra cantada no dialeto francês creole.
O salão, imerso no estado sedativo de fim de tarde, logo ganhou vida. No momento em que Luc levou Lauren para a pista de dança, cinco casais já se movimentavam em ritmo acelerado, numa dança livre e espontânea.
Luc segurou as mãos de Lauren e girou-a num movimento gracioso de dois passos. Anos sem música, anos sem dançar foram esquecidos com a pressão das mãos de Luc nas suas, os passos rápidos e o gracioso, embora másculo, deslizar de seu corpo.
Ele tornou a girá-la, e a pressionou contra si. O corpo de Lauren deu boas-vindas ao contato. Os seios, úmidos de suor por baixo da blusa de couro, enrijeceram. A pele formigava como se picada por milhões de agulhas fininhas, mas o resultado foi prazer, não dor. O uísque, a música... o homem... tudo combinava para fazê-la se sentir alegre e livre.
A banda mudou de um ritmo frenético para um compasso mais lento. Ele a fez se virar, de modo que Lauren o encarasse. Eles se entreolharam por alguns segundos, até que ela percebesse a intenção de Luc.
Ele girou os quadris com um movimento sutil e charmoso. Colocando as palmas de Lauren em sua cintura, impôs o ritmo. Erótico e lento. O olhar apaixonado capturou o dela. Lauren mordiscou o lábio inferior. Sem quebrar a cadência da dança, Luc deslizou a mão da cintura delgada até a coxa, posicionou-a atrás do joelho delicado e puxou-lhe uma das pernas para um contato mais íntimo. Depois, segurou-a, pressionando-lhe o corpo contra o seu, sentindo a ereção em contato com o centro da feminilidade, enquanto eles se balançavam e dançavam no ritmo sensual.
Embora o sol ainda não tivesse se posto do lado de fora, o salão mergulhava na escuridão que estava por vir. Lauren sabia que ninguém podia ver quando Luc deslizou os dedos mais para cima em sua coxa, usando a costura do jeans como um caminho, tocando-a precisamente no local que a agitava mais do que a música.
Uma onda de puro deleite a envolveu, uma combinação da música, da atmosfera, mas principalmente... Luc.
- Eu vou fazer você chegar ao auge - prometeu ele, o sussurro rouco se sobrepondo ao som excitante da balada.
- Não aqui! - suplicou Lauren, mas seu protesto era muito fraco, e feito tarde demais.
Com pressão habilidosa, Luc a acariciou até levá-la ao êxtase. As pernas de Lauren se comprimiram, mas Luc puxou-a contra si, abraçando-a com força, ocultando-lhe o orgasmo sob o som da melodia.
Assim que a música acabou, Lauren se forçou a olhá-lo, esperando ver um sorriso de autossatisfação no rosto dele. Em vez disso, Luc a beijou. Suavemente.
- Isso não foi justo - ela murmurou, num protesto fraco.
- Não, não foi.
Uma mecha de cabelos escapou da fivela de Lauren, e, devagar, ele colocou-a atrás da delicada orelha.
- No entanto, você terá de me retribuir o prazer, certo?

Fonte: Harlequin Books.

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