Uma menina má - Julie Elizabeth Leto - Cap. 6


CAPÍTULO SEIS
- Para onde vamos agora? - O tom de voz de Lauren revelava expectativa impaciente, enquanto Luc a conduzia ao longo de Iberville para a rua do Canal, onde chamou um táxi.
Eles tinham passado quase duas horas dançando, comendo camarão na brasa e linguiça, bebendo chá gelado em copos altos, e um último uísque antes de saírem para a rua. Haviam dançado ao ritmo de jazz e de blues, explorando e conhecendo o corpo um do outro sob o disfarce da dança. Depois, Luc pagara a conta e a levara para a noite ao ar livre.
Lauren estava totalmente sem fôlego e sentindo-se zonza. Ele, apenas excitado, esperava pelo momento em que ela lhe retornaria o prazer que a fizera sentir na pista.
- Algum lugar para esfriar - respondeu ele.
Em Nova Orleans, o cair da noite não diminuía a temperatura. O calor abafado da cidade intensificou-se após escurecer, e Luc via-se mais do que pronto para entrar e transformar aquele calor num cenário mais íntimo.
Ele indicou para que o motorista de táxi fizesse um retorno, então lhe deu um endereço no bairro Warehouse Arts, a área recentemente renovada dentro do Centro Comercial. Lauren não perdeu nada, o nariz quase pressionado contra o vidro, enquanto se moviam em direção à boate dele.
Casa Sensual.
Luc consultou o relógio de pulso, satisfeito por eles poderem entrar antes de a boate abrir, às dez.
Eram quase oito horas da noite. Chegaram antes mesmo do gerente, dos garçons e das garçonetes.
Luc imaginou se Lauren se lembraria do significado daquele lugar, até que eles pararam diante do edifício branco com sua entrada de aço brilhante. O semblante alegre dela foi substituído por uma expressão interrogativa.
- Esta é a sua boate - ela afirmou, com uma ponta de ressentimento.
- Um dos lugares mais quentes da cidade.
Lauren abriu a porta do carro e desceu enquanto Luc pagava a corrida. No momento em que o táxi saiu do meio-fio, Lauren estava parada, os braços cruzados e as pernas rijas, observando o estabelecimento que tinha sido o motivo para o rompimento do namoro deles.
Seus olhos brilhavam de raiva quando Luc se aproximou e segurou-lhe o cotovelo.
- Isso é algum tipo de brincadeira?
- Nada disso, Ren. Pensei que você gostaria de ver o que fiz com o lugar. Além disso, não podemos fugir do passado.
- Você disse que sentia muito - Lauren o relembrou, mas Luc sabia que algumas palavras simples, embora sinceras, não seriam suficientes para desfazer a mágoa que existia entre eles.
Ainda mais que ela ainda não tinha aceitado oficialmente seu pedido de desculpas.
Em Storyville, eles tinham dançado como costumavam fazer na época em que namoravam: livre e apaixonadamente, e com nada além do momento presente, nada além do aqui e agora para explorar toda sua excitação, os corpos em chamas.
Naquele prédio, o passado dos dois chegara a um fim. Mas Luc queria usar esse mesmo local para enterrar o passado sofrido e reacender o que um dia fora tão precioso e raro, e que, infelizmente, o deixara apavorado. Queria Lauren de volta, e não podia pensar num lugar melhor para lhe dizer isso. Para mostrar-lhe.
- Entre comigo, Ren. Quero me desculpar de novo. Da maneira certa.
Lauren mordeu o lábio, sentindo a pele rosada entre os dentes.
- Você não está com medo, está? - indagou ele, ciente de que aquilo era um artifício barato e infantil, mas não se importando, contanto que funcionasse.
Ela fez uma careta e começou a andar em frente.
- Sabe, esse truque funcionava muito melhor quando eu tinha 16 anos.
- Funcionou agora, também.
Lauren deu um tapinha no ombro dele, que destrancava a porta. O humor dançava nos olhos dela.
Humor, curiosidade e um pouquinho da impertinência que parecia dizer “Eu vou lhe mostrar”, e aquilo tudo de fato o fascinava. O que teria acontecido para impregná-la com uma força tão abrasadora? Ele destruiria esse lado de Lauren, sem intenção de fazê-lo, como fizera no passado? Ou a força e coragem dela agora estavam tão enraizadas em seu ser que nada nem ninguém poderiam destruí-las? Luc esperava que esse fosse o caso. Logo descobriria.
Antigamente uma fábrica têxtil, a Casa Sensual tinha sido demolida do quarto andar para baixo, a fim de criar um espaço gigantesco, aberto. Murais eróticos e sensuais adornavam as paredes iluminadas por néon, agora tão fraco quanto as luzes. Assim que fechou a porta, Luc pegou a mão de Lauren, conduziu-a para dentro do elevador e tirou do bolso um cartão-chave que lhe dava acesso exclusivo para seu escritório, no quarto andar.
- Bonito elevador - comentou ela. - Você acha que vai mesmo me deixar ver a boate?
Luc adiou a resposta até que as portas de seu escritório se abriram. Então respirou fundo, perguntando-se quando fora a última vez que permitira que alguém entrasse em seu santuário. O gerente da boate? Provavelmente uma vez por semana, menos se possível. Aquela sala, estreita, mas longa e com imensas janelas que lhe permitiam assistir ao movimento do andar de baixo, era a fuga de Luc do mundo agitado de música e festa do qual sobrevivia.
Ele gesticulou uma das mãos em direção às janelas.
- Olhe por si mesma.
Lauren andou devagar, observando o luxo dos móveis de couro, as paredes com painéis e um tapete espesso cor de ameixa. Um abajur de pele de cabra iluminava a sala como se fosse um ambiente à luz de velas, tornando as texturas mais ricas, os tecidos e acabamentos vibrando com o estado de espírito de Luc: um vazio escuro cercado pela ilusão da claridade.
- Não posso ver nada. - Ela se inclinou sobre o parapeito estreito sob a janela.
Luc pressionou o tórax largo contra as costas de Lauren, impedindo-a de se mover, enquanto a evidência de seu desejo comprimia-lhe a curva gentil do traseiro. Ali, na semiescuridão, não queria nada, exceto tocá-la de novo, porém, em vez disso, ligou um interruptor à sua esquerda, agindo sem pressa.
Tons brilhantes de rosa, azul e roxo se espalharam lindamente pelo ambiente. Um outro interruptor foi acionado, e diversos círculos flutuantes giraram no teto, as minúsculas partículas coloridas de laser cintilando na sala, enquanto eles se admiravam.
Em seguida, Luc ligou o aparelho de som. A melodia de um saxofone se espalhou pelo ambiente. O cenário era perfeito, e combinava com seu estado de excitação.
- Tudo muito suave _ disse ela, voz desprovida de inflexão, de modo que ele não podia dizer se aquelas palavras significavam um elogio ou uma crítica. E não se importava.
- Como sua pele. - Luc deslizou a mão em volta da cintura dela, entre a abertura que separava o colete de couro da pele.
Lauren se inclinou contra ele, descansando a cabeça no peito forte.
- Dançar faz isso comigo. Foi por esse motivo que me trouxe aqui? Para que eu possa retribuir o favor que você me fez em Storyville? - Lauren não pôde conter um sorriso.
- Já fez isso apenas por entrar aqui Comigo, Ren. A última vez que eu a trouxe aqui, queria fazer amor com você. E a insultei com isso.
- Era uma fábrica abandonada e bolorenta na época, Luc. Você tinha acabado de convencer seu pai a lhe emprestar o dinheiro para comprar o edifício, e, se bem me recordo, queria apenas batizar o espaço de maneira apropriada. Não parecia se importar muito com quem era sua namorada.
- Isso não é verdade, mas entendo por que você pensou assim. Eu não era bom em expressar meus sentimentos naquela época.
- E eu não era boa em ser espontânea. - Ela deslizou uma das mãos ao longo da perna de Luc, enquanto a outra lhe acariciava o pescoço e o puxava para mais perto, de modo que nem uma pequena brisa do ar-condicionado pudesse passar entre eles.
- Você mudou.
- Sim, mudei, Luc. E muito mais do que você possa imaginar. Feche os olhos. Deixe-me mostrar-lhe.

Fonte: Harlequin Books.

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