Abre a tua boca e grita!
Deixa o vento levar
o som da tua voz
até as fendas douradas
dos altos penhascos.
Teus gemidos,
ainda ecoam nos labirintos gelados
das profundas cavernas,
imantadas nas íntimas lembranças
dos calos das cangas,
dos fardos e dos suplícios,
que o tempo jamais apaga.
Não temas o paradigma,
que confunde o troglodita,
retido nos escombros
recolhendo os cacarecos:
Logros da sua existência.
Para escapar dos encalhes,
do ardil laço iníquo,
segue em disfarces
nas voláteis asas
dos doutos cogito.
Acompanha as águas do rio,
rasga teu corpo,
derrama teu sangue,
solta tua voz!
Grita!Agita!Luta!Viva.
Segue além da imaginação
quebrando as correntes,
abrindo portões,
rompendo fronteiras,
seguindo descalça, despida,
colhendo os açoites,
mas vá!
Avança no tempo,
esquece essa dor.
Leva o teu canto,
por todos os cantos,
desperta do sono
outras mulheres,
que como tu,
tão aguerrida
e sem pena da vida
do combate não foges,
mas luta e labuta até o fim.