Às três da manhã - Mavi



Pandemia é época da revolução do observar...do pensar, do repensar.Do sentir e do escrever. Compulsão de entender.
Está difícil. E é para todos. Sem endereço de privilégios!
Tudo igual.
Às vezes oscilamos entre os "porquês" e a obviedade deles.
É explicito: o mundo mudaria porque era urgente mudar. Simples assim.
Para melhor ou para pior? Não sei, e quem o sabe?
Algo não ia bem. Existência robótica, talvez.
Tudo muda ao toque das horas...minutos, segundos.
Em mínimas frações do tempo. Grandes mudanças no quântico da vida.
Está difícil mudar. Por fora e por dentro.
Como assim?
Qual "kit" lhe falta? A rotina? O trabalho, o suprimento da vida?
Os olhos nos olhos? A mão nas mãos? Os ouvidos? O desabafo?
As risadas com os amigos de vida?
O barulho da cachoeira, o diálogo com as flores, o aconchego das copas das árvores ora empoeiradas?
Ou falta olhar e tocar o mundo de perto?
O que falta ao seu excesso de silêncio em meio à balburdia da "multitelas"?
A notícia que vende a dor, ou o excesso de ego suicida da compaixão?
O que lhe falta em meio à falta do tudo? Humanidade notória.
Às vezes é isso que falta. Às vezes não, acredite, é isso.
Não se trata só da falta do "Kit" respiratório, do tubo de conexão com a vida, da falta do oxigênio, da faltosa verdade, da falta das drogas opióides que, milagrosamente, paralisam o corpo, cortam todos os sentidos, todas as consciências, assim como paralisam a garganta e cortam os discernimentos os vários fumacês que embaçam os horizontes, esses de todos os tipos de drogas que seguem por aí, travestidas de "fake" humanidades.
Mas...se você ouviu dizer? Parecia verdadeiro mesmo? É tudo mentira! Acorda às faltas do tudo, do principal.
Falta o analgésico à dor do amigo que pediu socorro, lá de longe ...e não lhe houve tempo tempo hábil de continuar vivo.
Às vezes falta o sono que se nega à rendição do tempo indo...indo.
Falta a confiança nas promessas dos pódios.
E a Justiça, o que aconteceu com ela? Ainda está cega?
Seria para sempre mesmo? Degenerou as retinas por excesso de vendas oculares?
Enveredou e cegou frente às faltas de tudo. Acho que é isso.
Falta respeito com o principal, a vida.
Se não for pela vida...faltará sentido.
E assim, dentre tudo que falta, acabou o café. Você tem coragem de falar na falta do café?
Café é vital como o ar! Oxigênio forte que reabilita a vontade.
O elixir do ânimo. Ópio do fugir. Reabilitação que falta.
Em tempos de pandemia, a vida é só um "software", como um "App" instalado num corpo privado de liberdade. Hoje em dia a vida só acontece pelos "apps"!
Peço pelo celular: um café por favor! Nem demonstro pressa. Percebo que evoluo no "modus operandi" de "não se viver".
E tão logo recebo o aviso:
"Mercadoria a caminho, horário de saída...às três da manhã".
Três da manhã! Como assim?
Alguém está preocupado em entregar o meu espresso, mais que expressamente.
Não pode ser, deve haver algum engano.
Mudo o foco. Meu café foi escutado. Auscultado. Expressado!
Milagre! Tem alguém lá fora. É isso!
Que mudou o sentido da minha crônica.
Estou viva. Nem tudo está perdido, nem mesmo às três da manhã.

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