A graça bendita de ser mulher - Elton Sipião - Texto revisado


O óleo da graça bendita de ser mulher escorre pela minha cabeça, descendo com toda a sua essência através das mexas longas dos meus cabelos e pele delicada do meu pescoço em uma unção plena de luz angélica, glória sublime e fogo divino.

Sou o templo de Deus, daquele que é uno, entretanto, também é trino, o que chamam de incriado, e criador de todas as coisas, inclusive de mim, uma das duas coroas de ouro de toda a obra prima da sua criação.

Sou aquela que fui expulsa junta com o meu companheiro, o homem, do jardim das delicias da divindade, e isto porque cai na tolice de dar ouvidos a serpente profana, aquela que é a mãe de todas as heresias dirigidas contra o Santo dos santos.

Eu sou o anjo caído que nunca teve um par de asas para voar, pois, sempre foi com a minha mente poderosa que alcei meu voos mais elevados e portentosos, dela sempre procedeu uma brilhante inteligência criativa de um conteúdo tão infindável quanto o tamanho do próprio universo.

Mas ao dizer-te isso oh minha alma amiga, explico-te que por longuíssimos anos a sociedade machista e patriarcal em que sempre vivi e existi quis me castrar no que concerne ao uso em toda a sua plenitude desta minha mesma inteligência criativa da qual acabei de lhe falar.

No mesmo instante em que nascia, e até hoje em alguns lugares de nosso planeta esse fato continua a ocorrer, era e é colocada uma mordaça de natureza deplorável na boca da mulher, acompanhada com a seguinte recomendação:- A nenhum ser humano do sexo feminino é permitido o direito de pensar livremente e falar abertamente expressando suas idéias, sentimentos e emoções, só lhe caberá deste modo feito, abaixar a sua cabeça e submeter a sua vontade ao comando absoluto e irrestrito do seu dono e senhor, a saber, o homem.

Desde que me conheço por gente essa situação permaneceu inalterada, ao homem era e lhe é dado o direito de usar toda a sua capacidade cerebral e potencialidades de sua alma ao extremo. Enquanto que a mulher lhe era e continua a ser negado estes mesmos direitos. É como se o grande criador tivesse feito a fêmea humana com algumas deficiências que a impedissem de ter um raciocínio lógico e claro, e possuir sentimentos e emoções sejam quais fossem eles.

 Hoje com o passar dos séculos e depois de muita luta junto a consciência do homem, gritando continuamente aos seus ouvidos sobre a necessidade que sempre existiu de sentir-me livre, sendo dona absoluta da minha mente, alma e corpo, consegui de certa forma mudar um pouco essa situação aterradora.

 Tenho plena consciência que muita coisa precisa ser modificada dentro desta sociedade patriarcal em que vivo para que a mulher possa se sentir de fato, no mesmo plano de importância e valorização em que o homem está e sempre esteve. Mas minha paciência e coragem são inquebrantáveis, e tenho a completa certeza que conseguirei um dia, atingir esse intento de alcançar essa tão almejada igualdade com o filho de Adão.

Eu sou a filha, a mãe, a neta, eu sou a sacerdotisa da existência humana, aquela que carrega consigo o útero divinal. Muitos me conhecem como Ester, Afrodite, Cleópatra, Madonna, também sou chamada de Mata Hari, Gisele Bündchen, Madre Teresa de Calcutá e a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, e, sobretudo, sou todas as mulheres que porventura, chegarem a ler essas minhas palavras presentes neste singelo texto.

ELTON SIPIÃO O ANJO DAS LETRAS.

Nota do autor: "Esse texto dedico as minhas leitoras todas que tanto amo e adoro como se fossem Deusas".

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