Uma menina má - Julie Elizabeth Leto - Cap. II


CAPÍTULO DOIS
Luc notou os olhos castanhos de Lauren se iluminarem com um brilho perverso. A Lauren LaCroix que ele conhecera tantos anos antes, a Lauren com quem fora inegavelmente cruel em sua ignorância de juventude tinha sido muitas coisas: gentil, doce, ingênua, de manutenção relativamente baixa no que dizia respeito a namoradas... Mas perversa? Isso nunca. Até aquele momento. Luc convivera o bastante com mulheres para reconhecer intenções nefastas quando as via, mas em Lauren o efeito era particularmente potente.
- Você veio para me seduzir? Isso talvez não seja tão fácil.
Ou poderia ser tão simples como encontrar um canto escuro e isolado em algum lugar.
Ela apoiou os cotovelos sobre a mesa, diminuindo um pouco o espaço entre os dois. Vestida com calça jeans e um colete de couro sem mangas, ela poderia ter parecido uma típica ciclista, não fossem os cabelos loiros em grande estilo, penteados para trás e presos por uma fivela de prata cara, emoldurando seu rosto de boneca. O novo estilo de Lauren era sutil, sexy e sofisticado. Ele estava em sérios, sérios apuros.
-  Eu vou arriscar. Não fujo mais de desafios, Luc. Apenas pensei que, uma vez que estou de volta à cidade, poderia misturar um pouco de prazer com negócios.
-  Negócios? Sua revista?
Lauren arregalou os olhos. Não mencionara a revista para ele, ainda.
- Você sabe sobre isso?
Luc sorriu um tanto encabulado, não muito disposto a admitir que pedia notícias dela com regularidade para tia Endora LaCroix, que não era apenas a vidente mediúnica mais respeitável do French Quarter, mas também uma grande fofoqueira e uma boa amiga dele. Quando os pais de Lauren partiram para fazer um tour pelo país com seu trio de jazz, Endora se tornara a mãe substituta de Lauren. Ela gostava dos dois, por isso Luc levara o telefonema de Endora naquela manhã muito a sério.
- As notícias correm. Você veio para filmar um desfile de moda?
Ela meneou a cabeça.
-  Estou aqui para visitar locais, a fim de escrever um artigo muito especial sobre Nova Orleans.
Luc relaxou no assento, calmo, embora fascinado pela mulher na qual ela se transformara. Endora o avisara que a sobrinha encontrara “seu centro”. Sim, como um terremoto. Ele teria de observar seus passos, controlar seus instintos, ou estaria perdido antes que se desse conta.
Lauren aproximou a cadeira da dele. O aroma exótico do perfume feminino o inebriou, sobrepondo-se aos cheiros de café e rosquinhas, e levando Luc de volta ao passado.
Dia dos Namorados. Jantar no principal restaurante de sua família. Uma caixa vermelha brilhante com um vidro de perfume caro para substituir as marcas de drogaria que ela usava.
Lauren ainda estava usando a fragrância que Luc tinha escolhido para ela, ou era sua imaginação desejando mais do que ele merecia?
-  Sei que você é um homem ocupado. -  Ela brincava com o cartão que ele lhe enviara. - Mas, se puder dispor de um fim de semana, talvez possa me ajudar.
Lauren tornou a abrir a mochila de couro, dessa vez tirando uma coleção de panfletos sobre pontos turísticos, mapas, jornais locais e revistas. Bilhetinhos estavam pregados por todo lado.
Luc, à medida que estudava as anotações manuscritas, ficava mais e mais boquiaberto, enquanto cada palavra, cada fantasia sexual, cada fetiche registravam-se em seu cérebro.
Ele pigarreou antes de falar, perguntando-se silenciosamente se não seria necessário beber outro copo de água antes que pudesse fazer sua língua funcionar.
- Isso é um roteiro erótico - murmurou ele, sentindo-se, de alguma maneira, tolo por apontar algo tão óbvio.
Ela sorriu com timidez. Então piscou.
- Sim.
- Para quem você está trabalhando agora?
A risada de Lauren soou alta e profunda, como se soubesse de um segredo que ainda não estava pronta para compartilhar.
- Dei a meu editor uma ideia de um artigo chamado “Noites eróticas na cidade”. Nós vamos destinar, em sete edições, uma página dupla de revista com uma única matéria ilustrada, mostrando como encontrar lugares eróticos nas principais cidades do país.
- Isso não parece politicamente correto - comentou Luc, não precisando do suspiro dela para revelar a hipocrisia de tal observação vinda dele. - Deixe-me explicar em outras palavras.
- Não se incomode em fazer isso. Eu sei que é uma premissa ousada. E, como é possível ver pelas minhas anotações, as fotos podem ser... controversas. Por isso Nova Orleans foi uma escolha natural para a primeira cidade. Uma vez que esta é minha cidade natal, e que o artigo foi ideia minha, meu editor sugeriu que eu fizesse o... trabalho externo.
- Parece uma missão fácil. - Mentalmente Luc analisava sua programação para os próximos dois dias. A ideia de Lauren explorando o lado sensual e sexual da cidade dele sem a sua presença não o agradava. Nem um pouco.
Ela brincou com um pedaço de papel amarelo, onde tinha escrito a palavra “língua”.
- Sim e não.
Foi a vez de Luc suspirar.
- Cite um empecilho para tal missão.
Ela guardou a papelada de volta na mochila, junto com o cartão dele, e Luc notou que nele também havia uma anotação na parte de trás.
- Guias de viagem não apontam exatamente o lado excitante da cidade. Mas fiquei fora por tanto tempo que não sei mais o que é interessante por aqui.
Lauren deslizou uma das mãos sobre o joelho dele, e Luc de repente desejou não ter terminado seu café com tanta pressa. A boca estava terrivelmente seca. Quando Endora telefonara pouco antes para lhe contar que sua antiga namorada estava de volta, e provavelmente tomando café com rosquinhas no Café du Monde, ele se questionara se o retorno dela não seria um sinal. Lauren surgira em sua mente com muita frequência nos últimos tempos, mas Luc achou que essa curiosidade era apenas um sintoma da inquietude crescente que vinha sentindo com a atual situação de sua vida.
No momento em que a vira do outro lado da calçada, e constatara a transformação de uma garota tímida em uma mulher sexy e sofisticada, desejara se aproximar, provocá-la, ver como ela reagiria à sua presença inesperada naquela manhã. Na verdade, queria testá-la para ver o que mais descobria sobre a mulher na qual Lauren se transformara.
E agora, ela mostrava uma impressionante determinação no olhar, nos lábios pálidos e brilhantes, os quais umedeceu, devagar, como se fosse uma verdadeira especialista em sedução.
- Por acaso você teria tempo de ser meu guia turístico particular? - O tom de Lauren era rouco, demonstrando conter muitas sugestões eróticas.
- Eu encontrarei tempo.
O meio sorriso dela o colocou em alerta. Aquela mulher estava lhe armando alguma cilada.
Provavelmente vingança. Luc fora cruel com ela quando eles terminaram. Insensível, arrogante e muito, muito cruel. Não sabia disso na época, é claro. Na verdade, achara que tivera consideração por Lauren e fora pouco egoísta ao dispensá-la mesmo contra a vontade dela.
Por isso fora encontrá-la no café?, questionou-se. Para se desculpar? Infelizmente, seu sorriso malicioso e o leve toque de seus dedos sobre a coxa dele não proporcionavam exatamente o cenário para uma admissão de culpa e arrependimento.
- Tem certeza? - A cada palavra ela se aproximava mais, até que a respiração brincou com a concha da orelha de Luc. - Você terá de me mostrar a cidade, conversar comigo sobre sexo, talvez até mesmo realizar alguma pequena fantasia ou representar um papel, enquanto eu decido todos os melhores lugares para fazer isso. Algo que pode deixá-lo desconfortável, com o nosso passado e tudo o mais...
- Dane-se o passado, Ren. Não existe um homem com sangue nas veias nesta cidade que recusaria uma oferta como esta.
- Ótimo! - Com isso, Lauren se levantou, e estava na metade do caminho em direção à porta do café antes que a mente de Luc clareasse o bastante para registrar a escapada.
Ela esperava que ele a seguisse? Sua resposta de escravo não fora suficiente para satisfazê-la? Bem, que coisa, ele queria pagar um preço mais alto. Algum tipo de tortura à moda antiga estava mais do que óbvia, e, na verdade, já o tinha esquentado do pescoço até o baixo-ventre.
- Espere! Aonde você vai?
Ela diminuiu o ritmo dos passos, mas não parou.
- Para o meu hotel. - Lauren olhou por sobre o ombro um segundo antes de acelerar a marcha de novo. - Você vem?



Fonte: Harlequin Books

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