CAPÍTULO DOIS
Chloe jogou o cabelo cacheado por cima de um dos ombros e diminuiu a distância entre ela e Eric Matteo. Não ousou esperar tempo para pensar no que dizer nem no que fazer. Com a garantia de sua identidade oculta, simplesmente diria a primeira coisa que viesse à cabeça quando chegasse até ele. Espremendo-se por entre um vampiro com capa e tudo e um imitador de Michael Jackson enluvado, Chloe caminhou até parar na frente de seu gladiador e futuro amante, e balançou suas saias vermelhas — somente o suficiente para se certificar de que a fenda na bainha mostrasse brevemente a cinta-liga vermelho-brilhante, comprada especialmente para essa noite.
— Encontrei uma varanda duas portas adiante que é o lugar perfeito para um encontro particular — disse, suas palavras atropelando uma a outra de uma forma não muito atraente.
— Deseja se juntar a mim?
Eric encarou-a por um longo momento, seus intensos olhos castanhos absorvendo cada pequeno detalhe do vestido vermelho.
— Depende, se teremos mesmo um encontro ou se você está só se aquecendo para mais uma rodada de Crucifique a Testemunha. O que você tinha em mente mesmo, Chloe?
Horrorizada por ter sido identificada nos primeiros segundos de sua missão secreta, Chloe quase caiu do seu salto de dez centímetros:
— Como sabia que era eu?
Eric aproximou-se e deslizou um dedo por debaixo de sua máscara vermelha, de plumas e descobriu seu rosto:
— Reconheceria esses cachos ruivos e esse perfume floral em qualquer lugar.
O calor do toque espalhou-se por seu corpo de tal forma não conseguiu reprimir um arrepio sensual. Franziu o cenho, embaraçada por ter sido reconhecida tão cedo na brincadeira.
— Mas mantenho meu cabelo preso no tribunal…
— Naquela ocasião em que você me interrogou até ter o júri dominado, estava pensando em como você seria de cabelos soltos. – Esticou o braço e tocou um dos cachos. – Tenho uma imaginação fértil.
Uma onda de calor percorreu o corpo de Chloe, e junto dela foram aquelas palavras. Quase perdeu aquela causa porque foi muito difícil se concentrar enquanto o interrogava. Que mulher conseguiria pensar direito com um homem — especialmente este homem — olhando- a daquele jeito? Bem, com isso não precisava mais se preocupar, graças a uma causa encerrada e um novo dia. Ou noite, no caso. Antes que pudesse pensar em como fugir da situação cada vez mais constrangedora, Eric exibiu rapidamente um sorriso malévolo:
— O que você estava dizendo mesmo sobre um encontro?
Chloe mordeu os lábios, sabendo que agora seria muito mais ousado – e difícil – aproximar-se, já que seu disfarce tinha sido descoberto. Será que teria coragem? Olhou em volta procurando Lexi e Amanda, qualquer coisa que lhe desse o empurrãozinho para seguir em frente. Ao invés de encontrar um gesto de apoio de Cleópatra, os olhos de Chloe se encontraram com os do único homem com quem havia tomado a iniciativa na vida. O homem que a havia rejeitado, não obstante sua sincera tentativa de sedução. Austin Radley. Chloe ainda não havia confrontado Austin desde que saíra de sua vida ao som do rugido da Harley de seu pai. Na noite do baile de formatura, aquele mesmo que havia partido seu coração de colegial, enquanto Austin partia para perseguir seus sonhos em uma faculdade em outro estado. E, no entanto, lá estava Austin, o homem, o alvo de todos os seus sonhos adolescentes, observando-a através da cintilante festa em Manhattan como se estivesse rastreando-a com um radar. E ainda por cima estava vestido de cavaleiro medieval — de armadura reluzente e tudo. Será que aquilo era uma cota de malha? De qualquer forma, Austin vestia algum tipo de camisa de metal prateado por sobre seu largo tórax, e tinha uma espada embainhada na cintura.
— Chloe? – A voz de Austin misturou-se com a de Eric quando os dois disseram seu nome em uníssono.
Os avisos da vidente voltaram à sua mente. Quem teria acreditado que ela, Chloe Leclaire – garotinha-inteligente-que-sentava-na-primeira-fileira-e-virou-advogada – estaria essa noite dividida entre os dois mais belos homens do salão? Pior, não conseguiria brincar de dominadora com Eric enquanto Austin estivesse olhando. Precisava acertar isso, aqui e agora. Virando-se para Eric, perguntou:
— Você pode me dar licença?
Ele assentiu com a cabeça, mas seus olhos castanhos estavam alerta:
— Não vou a lugar algum.
Chloe virou-se para cumprimentar Austin, que não queria perder tempo com conversa, preferindo beijá-la. A boca que tocou a dela era quente e convidativa. Sete anos após a última vez em que se beijaram, e ele ainda provocava seus sentidos com o mesmo perfume. Não podia negar o pulo que seu coração deu. Não podia ignorar o calor no olhar de Eric.
— Já faz bastante tempo – sussurrou Austin em seu ouvido antes de se afastar. Seus olhos verdes esquadrinhavam o vestido vermelho e ele sorria o sorriso matador, de covinhas e tudo, que Chloe jamais esquecera. — Você está linda.
— Você também não está tão mal. – Determinada em ir com calma até que conseguisse pelo menos descobrir suas intenções, Chloe deu mais um passo atrás para ganhar espaço para pensar e respirar.
Só por esta noite, Chloe com certeza desejava ousar, mas parecia que seria confrontada a algumas escolhas difíceis. Queria ter certeza que seu raciocínio não estava comprometido por algumas lufadas de perfume masculino.
— O que você está fazendo aqui?
Austin a pegou pela mão e beijou a palma:
— Não é óbvio? Estou aqui por você.
Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias
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