A amante de príncipe - Sandra Marton - Cap. VIII

CAPÍTULO OITO
Os dois fizeram o piquenique no Sheep Meadow. Queijo e pão fresquinho da padaria Bouchon, e uma garrafa de vinho branco gelado de uma loja próxima.
E conversaram.
Sobre nada. Sobre tudo. Nicolas não conseguia se lembrar de alguma vez ter ficado tão à vontade com uma mulher, porém Chloe não era qualquer mulher.
Ela estava lhe contando uma história sobre um gato que tivera quando menina.
O rosto adorável, sem nenhuma maquiagem, parecia corado e alegre. O cabelo estava maravilhoso, caindo numa profusão de cachos dourados pelas costas, indomados, iluminados pelo sol. Chloe usava jeans, sandálias e uma camiseta rosa-clara, em nada parecidos com o traje sexy da noite passada.
E, mesmo assim, o excitava tanto que o fazia sentir-se como um adolescente de dezesseis anos em vez de um homem de trinta.
Haviam ido de carro até o apartamento dela, que ficava num prédio sem elevador na Terceira Avenida, e que Chloe dividia com duas outras garotas, que se encontravam fora da cidade. O que era ótimo, porque ele pôde segui-la até o quarto minúsculo e observá-la fazendo nada mais provocante do que alcançar o zíper na parte de trás do vestido. O desejo de tê-la novamente quase o dominou por completo.
- Chloe - tinha falado com voz rouca, e ela viera direto para seus braços.
Haviam feito amor em pé, de modo tão rápido, intenso e quente, que ele sentira quase como se pudessem pegar fogo.
Era só sexo, dissera a si mesmo mais tarde. Era tudo o que existia entre eles.
Mas não era.
Olhando para ela agora, ouvindo-a rir enquanto descrevia o que acontecera quando a tia, alérgica a gatos, e o gato em questão se encontraram, Nicolas soube que sexo era apenas uma parte daquilo.
Chloe era... Ela era especial. Não existia fingimento nela. Ela não estava tentando impressioná-lo, como as mulheres sempre faziam. Sua aparência, sua conversa, tudo nela era verdadeiro.
Chloe era um artigo raro em seu mundo, e ele detestava pensar que não vinha sendo honesto com ela. Mas, como poderia ser? O que poderia dizer que não destruiria a alegria do pouco tempo que teriam juntos? Porque teria de contar a ela tudo aquilo também. Contá-la que eles nunca mais se veriam depois daquilo, que ele teria que voltar para Karas e assumir as responsabilidades que tinha com seu pai, sua nação, seu povo.
Contá-la que ele teria de arrumar uma esposa aprovada por todos, menos por ele. Uma mulher que seria certamente o oposto de Chloe: dócil e obediente, e criada para viver no mundo em que ele viveria.
- Chloe - disse, tão dura e repentinamente que ela se assustou.
- Sim? Ah, desculpe. Não parei de falar e...
- Vamos embora.
Ela o encarou.
- Como?
- Embora - ele repetiu, impaciente. - Desta cidade. - Segurou-lhe as mãos e a puxou para si. - Diga “sim”, querida, por favor.
Chloe piscou. As pessoas costumavam dirigir até Connecticut, para Long Island, o tempo todo. Eram apenas algumas horas de carro.
- O que acha da ideia?
Um alarme soou na cabeça dela, mas o que era um passeio de carro depois de ter passado a noite na cama dele?
- Parece bom - cedeu, e Nick sorriu, inclinando-se para beijá-la.
Em seguida, apanhou o celular e fez uma chamada. Chloe conseguiu escutar apenas as últimas palavras, que pareceram soar como: “Isso mesmo, exatamente, estaremos no aeroporto em uma hora.”
Nicolas fechou o telefone, puxou-a pela mão e a pôs em pé.
- Precisamos nos apressar - falou, bruscamente. - Se quisermos decolar antes do meio da tarde.
- Vamos voar para Connecticut?!
Ele estava ocupado, limpando os restos do piquenique e enfiando tudo na sacola de compras em que tinham trazido as coisas.
- Não para Connecticut. Vamos voar para... - Seus olhos cintilaram e ele abriu aquele sorriso sexy. - Pensando bem, é segredo.
- Quer que eu entre num avião sem saber o meu destino?
Ele a envolveu nos braços e a beijou.
- Isso mesmo.
Chloe se desvencilhou do abraço. Que comportamento tipicamente masculino! Ela havia crescido com ele, com aquela besteira de “estou no comando” que os homens achavam ser de direito deles apenas por causa de seu sexo. Os homens americanos não eram tão ruins quanto os de sua parte do mundo, mas, pensando bem, ela nem sabia se Nicolas era dos Estados Unidos. Ele tinha dito que falava Grego e, de vez em quando, ela percebia um ligeiro sotaque.
E o que importava isso?
Eles haviam dormido juntos. Só que isso não dava o direito a Nicolas de tomar decisões por ela. Um outro homem já estaria fazendo isso, muito em breve. A consciência disso a machucava, e ela transformou a dor em raiva, com a qual era mais fácil lidar.
- Quer que eu dê pulinhos de alegria? Porque se é isso o que espera de mim...
Para sua surpresa, Nicolas pareceu arrependido.
- Tem razão. Eu deveria ter lhe perguntado de maneira adequada. Querida, quer ir embora comigo?
- Eu já fiz isso ontem à noite - ela replicou, a raiva cedendo lugar para um súbito e massacrante desespero. - Não posso continuar dizendo “sim” para você, Nicolas. Eu simplesmente não posso, porque...
- Porque isso é uma loucura, eu sei. - Ele deu um longo suspiro. - Faça assim mesmo, minha querida.. Venha comigo. Fique comigo. Nada de perguntas, nada de explicações, apenas você e eu em um lugar em que o céu é de um azul brilhante, o sol é quente e podemos ficar sozinhos.
Lágrimas inundaram os olhos de Chloe. Nicolas praguejou baixinho e a tomou nos braços.
- Droga - disse, com raiva. - A última coisa que eu queria era fazer você chorar.
- Não é você. É que... Eu sei que isto tudo é um sonho.
Nick queria dizer que ela estava enganada, porém não podia. Era um sonho, mas até que terminasse, eles o aproveitariam ao máximo.
Por isso a segurou junto de si, os lábios pressionados contra os cabelos, e após um longo momento, Chloe o fitou, sorriu, a despeito dos olhos úmidos, deu-lhe a mão e seguiu com ele, como tinha feito na noite anterior.

Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias

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