Ainda havia uma esperança,
a passagem era secreta,
distante, no final do mundo,
estava ai, a ser verificada.
Estreita e próxima ao mar
mas era o que restava
do eterno amor, vivido
longe de tudo, perdido
em um canto do universo.
A noite chegou, e a dor também.
Sentada ao lado do vento,
não havia escolha.
Esperei a noite passar,
e o dia voltou quente e abafado.
Sozinha, olhava o horizonte,
a nuvem escura quebrou e a
chuva caiu fria sobre meu corpo.
Nada disse, calada, esperei.
Veio o sol, me aqueceu
e então, chorei.
Chorei toda minha dor,
minha solidão, meu amor.
Chorei todas as lágrimas,
olhei para o céu azul
e gritei para os pássaros que passavam,
acenei para uma gaivota solitária,
disse adeus, não respondeu.
Sai do corredor escuro,
e me refugiei na areia clara,
cobri meus pés e ali, sozinha,
fiquei até adormecer.
Acordei com as ondas do mar,
tocando levemente meu corpo.
Levantei, e embriagada,
da realidade cruel, senti medo,
acenei para o primeiro barco, e parti.
Erotildes Vittoria
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