Encontro à meia-noite - Capítulo VI - Ana DePalo

CAPÍTULO SEIS
Chloe sentiu seu estômago embrulhar ao ouvir aquela voz do outro lado da linha.
-Olá, Ryder. -Ela sentou-se. -Como vai você?
- Vou bem, mas estaria melhor se visse você.
Aquilo foi bem direto, pensou. Parece que ela não era a única capaz de ser franca. Em voz alta, tentou flertar sem compromisso.
- É assim que eu gosto. Um homem que sabe o que quer.
A risada dele podia ser ouvida pelo fone.
- Querida, se eu dissesse a você o que eu quero, estaríamos violando o código de decência numa linha de telefone corporativa.
Uma sensação eletrizante. Ele estava ligando para ela, correndo atrás.
- Por que não me diz o que está pensando?
- Estou pensando - disse ele, baixando o volume da voz. - que não deveríamos ter esperado mais de dez anos para dormirmos juntos.
Suas palavras provocaram arrepios. E isto era apenas o começo.
As flores chegaram ao final do dia. Um grande arranjo de rosas vermelhas e cor-de-rosa que atrapalhavam a visão de Chloe quando um colega de trabalho se aproximava de sua mesa.
E vários foram até lá. Os curiosos, os especuladores e os xeretas. Aquela procissão de pessoas finalmente levou Jessie Clayton, uma das estagiárias da revista, a comentar:
- Nossa, Chloe, você deu o que falar hoje!
Chloe respondeu alegremente à jovem ruiva:
- Acredite, eu preferia não ter sido o assunto principal do dia.
Jessie balançou a cabeça, concordando. Chloe sabia que se alguém fosse simpatizar com a sua situação, esta seria a estagiária da revista Charisma. Era impossível não gostar de Jessie com seu jeito doce de menina do interior. Mas Chloe lembrou que a estagiária gostava de sua privacidade, o que a colocava em minoria na revista.
Na Charisma, onde se respirava um ar rarefeito de alta costura junto com sociedade sofisticada, adivinhar o que alguém fez no fim de semana era um passatempo. Os funcionários eram quase todos fashionistas cujas vidas sociais eram tão agitadas que mais pareciam um segundo emprego.
Chloe achou que também seria considerada uma fashionista, mas precisou se esforçar para se adaptar ao ambiente. Ela adorava comprar e tentava nunca repetir uma roupa no trabalho. Algo que ajudou foi o fato da revista viver inundada de amostras grátis de designers com esperança de ver suas roupas e novos produtos sendo mencionados na revista. E o que ajudou ainda mais foi o fato de Chloe ser assistente executiva de Fin, a editora-chefe, que ganhava mais coisas do que qualquer mulher poderia usar numa vida inteira.
As duas semanas seguintes passaram rapidamente. Após o telefonema de Ryder e as flores, Chloe estava louca para vê-lo novamente. É claro que sua perseguição persistente também contou.
Os dois saíram para jantar, viram um show na Broadway, patinaram no gelo no Central Park, e viram uma exposição restrita a convidados no Metropolitan Museum of Art.
Ryder não tinha pretensão de ser legal e descolado. Ele a quis e por isso a procurou. Foi uma mudança bem agradável em relação a muitos de seus relacionamentos anteriores. Agora não havia um ritual elaborado a ser seguido. Ela não precisava mais esperar um telefonema na quarta-feira para um encontro no sábado à noite, e nem ficar nervosa sem saber se ele sequer ligaria.
Ao invés disso, Ryder a fez sentir feminina, querida e desejada. Se havia preocupações sobre o destino do relacionamento, a atenção constante de Ryder as eliminou completamente.
Inevitavelmente, suas tardes terminavam em seu apartamento ou no de Ryder, que Chloe logo descobriu ser uma grande e arejada cobertura em TriBeCa, uma área muito em voga na ilha de Manhattan.
As dúvidas sobre o quão bem sucedido Ryder havia se tornado desde o colégio desapareceram logo na primeira vez que entrou em seu apartamento.
Ainda, quando perguntava sobre sua carreira, ele apenas dizia:
- Eu me envolvi com uma empresa de internet, assim como muitos fizeram no final dos anos 90, sendo que a minha empresa não afundou com a bolha da Internet e eu me saí bem.
Enquanto caminhavam pela West Broadway perto de seu apartamento numa tarde gelada, ela pensava no que ele havia dito, até que ele sugeriu que fizessem uma viagem para esquiar no fim de semana.
- Na verdade, -confessou -eu tenho uma festa de família no sábado.
Ele levantou a sobrancelha.
- Que tipo de festa?
            -A festa anual pós-feriados da família Davenport na casa dos meus pais. -falou rapidamente para que não parecesse um evento de grande importância.
Ela sabia que sua mãe e a mãe de Ryder mantinham contato, principalmente através de encontros casuais, e lembrou-se de ter visto a Sra. McPhee em algumas festas na casa de seus pais.
- Seus pais devem ter recebido um convite.
- Meus pais estão na Flórida visitando amigos e parentes, então eles não poderão comparecer.
Chloe ficou aliviada. Pelo menos não precisava encarar os pais de Ryder para descobrir se sabiam ou não do seu recente envolvimento com o filho deles, e nem decidir se contaria ou não a eles pessoalmente. Ela não podia simplesmente dizer: “Estou dormindo com o Ryder.” Mesmo para ela, seria direto demais.
Ryder a encarou:
- Convide-me.
Ele não media palavras e ela se viu concordando com um simples:
- Está bem.
Enquanto caminhavam em direção ao apartamento dele, ela se convenceu de que levá-lo à casa de seus pais não seria um bicho de sete cabeças. Sim, eles fariam perguntas, mas Ryder -se não fosse conhecido da família e nem alguém do seu passado -era exatamente o que ela procurava em um homem: bem sucedido e bonito, além de bastante atraente.
Ryder a distraiu assim que saíram do elevador e entraram em sua cobertura. Mais uma vez, Chloe rendeu-se ao seu abraço e à calorosa atração entre eles.

Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias

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