CAPÍTULO TRÊS
Alexandros observou a cartomante com olhos apertados. Sua raiva ardente havia sido substituída por outro sentimento intenso e inebriante. Pura luxúria. O fato de ela estar usando uma fantasia apertada não ajudava a acalmar sua libido.
Corpo incrível, ele pensou. Só é uma pena sua moralidade.
Ele não tinha dúvidas de que a súbita amizade com sua irmã adolescente era motivada por uma atração pelo dinheiro, e para provar sua teoria ele estava prestes a colocar a tentação no caminho da cartomante. Se ela fosse tão sincera quanto sua irmã acreditava, ela diria não a ele e sairia antes da meia-noite para pegar o voo para Nova York para uma semana de programas femininos e passeios nos shoppings.
Alexandros tinha muita experiência com os efeitos destruidores do dinheiro para acreditar que ela estava sendo sincera.
Ele ainda não havia conhecido nenhuma mulher que resistisse à tentação da riqueza.
_ E então? _ Ele se moveu em volta da pequena mesa e lhe puxou pelo pé. _ Como soa para você uma noite de diamantes e desejos?
_ Completamente ridículo! _ Sua voz era bem suave e seus olhos estavam rindo. _ Tirando o fato de que eu nem sei o seu nome, a cartomante aqui sou eu. Trabalho para arrecadar durante o evento desta noite. Eu preciso ficar aqui até meia-noite.
E então ela pegaria um voo para extorquir sua irmã.
_ Quanto você está esperando arrecadar?
_ Humm... muito? O baile está arrecadando fundos para um novo aparelho de raio X para o hospital das crianças. Nós agradecemos qualquer doação.
_ Quanto custa o aparelho de raio X?
Ela se engasgou com a pergunta.
_ Eu, eu não sei. Mais dinheiro do que eu possa imaginar.
_ Mas não é mais dinheiro do que eu possa imaginar. _ Alexandros falou baixinho. _ Eu vou comprar o aparelho de raio X. E aí você fecha a tenda. De agora em diante, a cartomante está fora de serviço. Você é toda minha.
Ela estava estupefata.
_ Você vai comprar o aparelho de raio X? Só pode estar brincando.
_ Me parece uma boa forma de gastar meu dinheiro.
_ E é, mas... nossa. É muita generosidade sua.
_ E agora você não tem motivos para não ficar comigo esta noite. Só por algumas horas… _ Ele enrolou, calculando mentalmente o tempo exato que a faria perder o voo. _ Não me parece justo você passar a noite presa aqui quando tem tanta coisa acontecendo lá fora.
Ela olhou para ele atentamente.
_ Você andou bebendo champanhe?
_ Nem uma gota. Por quê?
Ela estava cautelosa.
_ Porque homens como você que podem comprar um aparelho de raio X sem ao menos olhar o extrato bancário normalmente não se interessam por garotas como eu.
Alexandros olhou para seus seios macios e volumosos, quase não contidos pela roupa apertada.
_ Você é maravilhosa.
Seus lábios se separaram e então ela olhou por cima dos ombros, como se estivesse procurando por alguém.
_ Eu?
_ Nós somos as únicas pessoas nesta tenda.
Com olhos esbugalhados, ela olhou para ele.
_ Você está tentando fazer ciúmes em alguém ou coisa desse tipo?
Alexandros suspirou.
_ Não. Eu estou tentando elogiar você. Eu não sabia que seria tão difícil.
_ Bem, homens ricos e atraentes geralmente não chegam para mim e dizem que eu sou maravilhosa, então me desculpe se estou um pouco desconfiada.
Intrigado por ter conhecido alguém tão prevenido quanto ela em relação à motivação das pessoas, Alexandros sorriu.
_ Talvez você precise de um espelho.
_ Talvez você precise de uma luz melhor.
Ela tirou o cabelo do rosto de um jeito atrapalhado que mostrou a ele que ela não fazia ideia de onde isso iria parar. Foi uma mudança refrescante desde sua última namorada que se recusava a viajar sem que seu cabeleireiro fosse junto. Na verdade, se não fosse o fato de ela estar extorquindo sua irmã, ele teria gostado da cartomante.
_ Eu tenho uma visão noturna excelente. _ Ele sussurrou e os olhos dela rolaram.
_ Aposto que tem. Aposto que você é extremamente treinado para enxergar no escuro.
_ Eu uso todos os meus sentidos. Então... você vai passar o resto da noite sozinha em uma tenda ou vai viver a vida intensamente?
Seus olhares se encontraram e Alexandros reconheceu nela a mesma desconfiança observadora que caracterizava seu tratamento às pessoas. Ele imaginou quem seria o responsável pelo véu de precaução que ela usava entre si e o mundo. Era irônico, ele pensou, que ele estivesse tentando desmascarar uma pessoa que aparentemente tinha tanto em comum com sua própria natureza.
Ela lambeu os lábios.
_ Você está realmente me convidando para passar a noite com você? Isso não é uma brincadeira?
Alexandros, que nunca havia tido que convidar uma mulher para sair duas vezes, estava abismado.
_ Isso não é uma brincadeira.
Ela olhou para ele por um momento e depois balançou a cabeça.
_ Não. Sinto muito. Você deve estar acompanhado. Um homem como você deve ter uma mulher linda e magra esperando por você em algum lugar.
_ Ninguém está esperando por mim. Eu não tenho uma parceira no momento, mas eu espero mudar esta situação muito em breve.
Ao invés de cair em seus braços, ela andou para trás.
_ Você é educado e eu não confio em homens educados.
Alguém deve tê-la machucado, ele pensou. E feio.
_ Eu não sou educado. _ Alexandros lembrou os anos em que havia passado se esforçando para ter a posição que tem agora. _ Eu não sou educado, não mesmo.
_ Mas você é impiedoso.
_ Só quando a situação requer que eu seja. _ Ele sorriu. _ Do contrário eu sou bem calminho.
_ Tecnicamente, assim como um tigre. _ Seu olhar estava ligeiramente caçoador. _ Você é tão calminho quanto eu sou uma cartomante.
Entretido, Alexandros pegou em suas mãos e a trouxe para perto de si.
_ Passe a noite comigo.
_ Por quê?
_ Porque eu quero conhecê-la melhor. _ E não só por causa da sua irmã. Ele queria descobrir o que havia acontecido em sua havia para lhe tornar tão cautelosa.
Ele queria descobrir como ela havia conhecido sua irmã e se ela precisava de dinheiro por alguma razão. Estaria ela com algum problema? Ou ela era apenas gananciosa?
Ela inclinou a cabeça.
_ Está bem.
Se não fosse pelo fato de ela estar decepcionando sua irmã sem nenhum sinal de hesitação ou arrependimento, ele teria gostado muito dela.
Imaginando o desapontamento iminente de sua irmã, Alexandros decidiu dar-lhe mais uma chance de fazer a coisa certa.
_ Se tem algum lugar que você deva estar esta noite, eu não quero ficar no seu caminho.
Sua hesitação foi tão rápida que mal deu para perceber.
_ Bem, eu deveria estar trabalhando, mas considerando que você acabou de pagar uma pequena fortuna...
_ E depois do trabalho?
_ Eu não vou fazer nada de importante.
Ao ouvir que seus planos com sua irmã haviam sido desfeitos tão levianamente, Alexandros sentiu uma pontinha de raiva momentaneamente.
_ Boa escolha _ ele disse calmamente, escrevendo um bilhete.
Não importava o que havia acontecido em sua vida, ele disse para si mesmo. Ele não estava interessado em saber por que ela era tão cautelosa. Sua responsabilidade era para com sua irmã, não esta mulher.
Ela olhou para o bilhete.
_ Cartomante saiu para buscar sua sorte?
_ Prenda isso na tenda. Assim ninguém virá te procurar.
Rindo, ela fez o que ele sugeriu.
_ Isso é maluquice. Eu não faço ideia do porque eu aceitei isso. Eu nem sei o seu nome.
_ Você pode me chamar de Andros _ ele disse suavemente. _ E você está prestes a ter uma noite inesquecível.
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Cortesia Harlequin Books
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