Baile de Caça - Capítulo III - Pam Crooks

CAPÍTULO TRÊS
Por quanto tempo Chloe esperou Austin proferir essas palavras? Tempo demais, na opinião dela.  Além disso, tinha um belíssimo gladiador esperando para que travassem um duelo sensual.
— Desculpe-me, Austin. — Afastou sua mão, mas não sem hesitar. Estaria fazendo a coisa certa  dispensando um homem agradável e que sabia se divertir como um tubarão corporativo e intenso? — É bom ver você novamente, mas estou com o gladiador.
Essa noite, pelo menos.
A surpresa de Austin transpareceu por apenas dois segundos antes que a disfarçasse por trás de suas sensuais covinhas:
— Quem poderia discutir com a Dama de Copas? – Dobrou-se cavalheirescamente e desapareceu em meio à multidão, direto atrás de uma voluptuosa morena em uma vestimenta de equitação vitoriana.
Chloe não teve tempo de sentir saudades. Sentiu a presença de Eric, atrás dela, o calor de seu tórax coberto de bronze lhe tocando as costas, antes mesmo que dissesse alguma coisa.
— Pode me chamar de louca. _ Ela se virou-se para encará-lo, seus largos ombros bloqueando a visão do resto da festa. Tomou uma das taças de champanhe das mãos dele — Mas achei que ao menos conseguiria descobrir do que trata toda essa conversa de encontro secreto que estamos tendo antes que fosse levada para a varanda...
— Mulher inteligente. — Tocou os copos levemente. — Um brinde aos charmes de
Roma. — E se inclinou para sussurrar no ouvido dela — E à promessa de encontros ainda por vir.

Eric observou Chloe morder os lábios entre goles de champanhe, mas também estava próximo  o  suficiente  para  sentir  um  arrepio  de  antecipação  causado  por  suas  palavras suspiradas. Não poderia  deixar que mudasse de ideia agora. Naquela noite, Chloe o havia escolhido, e faria tudo que pudesse para ter certeza absoluta de que ela não se arrependesse nem por um minuto. Apanhou a bebida das mãos femininas e pousou os copos na bandeja de um garçom que passava…
— É claro que eu não poderia queimar a largada e levá-la para aquele encontro agora mesmo. —  Segurou-a pela cintura e a conduziu em direção à pista de dança, tentando da melhor maneira possível não  se  distrair com a suave curva de seu esbelto corpo, o gentil oscilar de seus quadris envoltos em cetim. — Primeiro, dancemos.
Acotovelaram-se  por  entre  uma  mulher-maravilha  semidespida  e  uma  meretriz medieval que soprou beijos para Eric pelas costas de Chloe. Uma empregada francesa e uma vaqueira erótica também piscaram, mas tudo em que Eric conseguia pensar era na deliciosa ruiva em quem finalmente havia conseguido pôr as mãos. Quando chegaram no salão ele a puxou para si. Chloe bateu de súbito contra seu peito forte, bem no momento em que uma balada latina começou a tocar. Eric agradeceu ao destino pela onda ininterrupta de boa sorte. O busto de Chloe transbordava por sobre a rasa taça de seu vestido vermelho e roçava nele enquanto dançavam. Conduzia-a com um dos braços e a guiava em torno do salão com o outro. O mesmo perfume que o havia provocado durante os dias em que se encontravam no tribunal agora o  seduzia  para cada vez mais perto. Contentou-se em encostar o rosto na têmpora dela, de forma que pudesse falar enquanto se moviam:
— Vim aqui hoje na esperança de vê-la novamente.
Ela o encarou com faces bastante rosadas para uma mulher que fez uma carreira demolindo o ego de testemunhas no tribunal:
— Como sabia que eu estaria aqui?
— Verifiquei a lista de clientes no seu site e vi a Heart Society, entre outros. Já tinha recebido o convite para o Silk Masquerade e imaginei que uma advogada jovem e agressiva como você iria comparecer para mostrar apoio a seu cliente. — Eric contornou sua cintura com os dedos e segurou-a pelos quadris.  Chloe o acompanhava sem esforço pelo salão de dança, fazendo com que imaginasse se combinariam também fora do salão.
— Você me acha agressiva?  — Seus olhos azuis pesaram as palavras dele com suspeita.
— Você dá  tantas  voltas  com  as  suas  testemunhas que acaba  transformando em impasses casos  que claramente teriam terminado em uma decisão contra você. Droga, sim, acho você agressiva.
E ela enfim sorriu, seus lábios vermelhos ergueram-se em um sorriso satisfeito que ele esperava poder ver em outras — e mais íntimas — oportunidades.
Eric não teve a intenção de começar a falar de trabalho. Queria começar a falar sobre ela. Vivera uma vida voltada para a carreira, determinado a provar seu valor a uma família que só tinha certeza de seu  fracasso. Chloe fazia com que desejasse esquecer tudo aquilo, fazia com que se concentrasse somente em  realizar o que estivesse ao seu alcance para garantir que nesta noite Chloe deixaria o baile de braços dados com ele. Se nunca houvessem mencionado  seu  histórico  juntos,  talvez  não  tivessem  a  oportunidade  de  criarem  novas lembranças, mais agradáveis:
— Você propôs um caso para a Broadway Historical Society preservar um prédio no centro de Manhattan que não serve para nada, impedindo completamente a construção de um centro cultural em uma ótima localização. Não diria que o resultado desse caso me enfurece tanto quanto me frustra, mas isso não tem nada a ver conosco agora.
Nos acordes finais da música, Eric a girou, provocando um redemoinho de saias vermelhas de cetim, e depois a puxou de volta:
— Preferiria me concentrar em descobrir outros meios de você ser agressiva comigo hoje.

Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias

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