Não consigo concluir
nada a meu respeito.
Me escondo em mil facetas
dissimuladas em personagens.
Sou transparente, brisa,
límpida, graça inata,
universo florido, chão,
lamentações.
Sou poeiras
deixadas ao relento
que há muito foram esquecidas,
sem regas.
Sou saudades ilusórias,
pedaço de madeira.
Olho o firmamento precisado
vou lá escutar os seus queixumes.
Sou o abrigo dos carentes,
sou a ilusão do sonhador,
mas sou opaca, vazia,
sem comando.
Marlene Gomes