Brancos alvos
é o que indicam as flores,
estejam irmanadas num jardim,
num palco-vaso,
num buquê em cores,
ou mesmo isolada ali.
Elas falam através das cores
tendo por vozes os odores,
incinerando o rancor,
esvaziando o temor.
Cada flor é um livro
em que se ler o espírito;
fala, via cor, em brando alarido.
Quando “folheio” a rosa branca
folgo rindo em prosa franca.
Nas frases deste “livro”
um nó suave me dá sentido.
Sinto e “ouço” no seu odor
o tinto d´ouro do tom-amor,
e me ocorrem mil espasmos,
pós abstratos orgasmos
dum “eu” leve, encimado neste palco.
Flor, independente da cor,
não é simplesmente flor,
é um sermão sem “carão”,
é animação em doce repreensão
que sacoleja o coração,
resgatando-o da razão.
Cada flor é um livro,
onde, pra cada momento,
um dito, um sentido,
um episódio propício
de enredo bem “lá” explícito,
dizendo não à revanche,
lustrando a tolerância,
clareando a procura da chance,
e, à mil watts de seu clarão,
acendendo o perdão,
acentuando a perseverança.
Um livro, dependendo do teor,
pode não ser flor,
mas toda flor,
seja qual for sua cor e odor,
é um livro repleto
de casos de amor.
Lendo a Flor - Quiel Guarânea
Biblioteca Central/Savador-BA. 8/06/206