Quando Carmelino leu a declaração de uma fã do Chico Buarque, de que, se concretizasse o sonho de romance com o artista até o marido onsentiria, ficou indignado e tratou de chamar Laurentina para uma conversa.
A mulher era fã de uns pagodeiros, se amarrava em revistas semanais e não se desgrudava dos programas de domingo na televisão, quando o grupo se apresentava, e frequentava shows. Elogiava o vocal do grupo e se babava quando ele dava umas reboladas.
Quando mostrou a Revita da Folha e ela falou "não sei não,mito é mito, na hora só Deus sabe", ele caiu de pau. " Se acontecer, Laurentina, é sem meu consentimento. Ainda mais com um pagodeiro! Não que eu aprove, mas um Chico, um Caetano, são quase deuses e até certos homens se não se segurarem, se entregam. É uma hipnose e não safadeza. Agora esse tal tocador de cavaquinho, faça-me o favor!".
Laurentina irritou-se e questionou se era preconceito elitista ou machismo e ainda, se nem com o Roberto.Carmelino achou desaforo e avisou que fosse com quem fosse. " Se acontecer, Laurentina, é traição!Tem muita graça entregar a mulher assim..."
Laurentina ficou na dela e matutando que os sonhos de idílio teriam que continuar só nos sonhos mesmo. E, se são sonhos, que sejam cada vez mais ousados.
Ela Também? - Laé de Souza. Espiando o Mundo pela Fechadura.Será que? pág. 49.Ecoarte Editora. São Paulo, 2006.