Aline - Letícia Faria Conde

Aline amava andar na praia e  parte da praia se tornou.

Todos os dias , durante todas as manhãs , Aline acordava para ir caminhar na orla.

Sempre cheirosa e bem arrumada , quem quer que fosse à Terrinha Branca , poderia encontrar Aline toda de rosa ... Ela amava saias e blusas rosa-bebê. Andava descalça portando um de seus belíssimos chapéus. Aline era tão alva como o nome da praia e a cor da areia.

Talvez fosse a eterna maré baixa do mar , talvez fosse a brisa leve , aquela mulher era sempre calma , nada pertubava sua paciência. Voz mansa e olhar baixo , sempre atenta às coisas que passavam à sua volta : um pássaro , um siri , às vezes um gato , outras um cachorro.

Terrinha Branca era um lugar tipo vila , uns pescadores , umas almas viajantes , muito poucos cidadãos.

Aline foi morar lá após a descoberta da felicidade da vida. Passava os dias a mirar as coisas belas que perdemos com o tempo , desejara misturar-se a todas elas.

E desejando foi misturando-se aos poucos ...

Seus pés passavam pela areia das montanhas desgastadas e iam sumindo aos poucos.

Durante alguns anos foi esvaindo-se como quem nunca se despede do mar.

Hora virava vento , hora terra , hora água. Aline se desgastou com o tempo , ficou parte da natureza que tanto amava.

Dizem que uma senhora viu o momento exato em que Aline virou nuvem ...

Outros contam que Aline virou flor , uma planta diferente que existe por lá.

Mas seja o que for , todos sabem de uma certeza : Aline não morreu , se transformou...


Aline - Letícia Faria Conde in Imitação da Vida , página 72 - CBJE , 2010.

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