Sem lembranças tuas
Nada é novo aquiDespi meu sonho
Expus minha dor
N’outra boca despejei meu beijo
N’outro ombro chorei tua sombra
N’outra ocasião conto do vexame
De trocar o teu
Por outro nome
De sentir o teu
Por outro cheiro
Quando tu sequer passavas
Nem no sonho mais tu passas
Avassala-me tua falta
Se não vens nem mais
Pra dizer que não virás
Outra vez andei
Procurando a tua n’outra pele
Não tão quente nem odor igual
Perambulei por tua imagem
Tão tarde
Que acordei sentindo-te ainda em mim
Impregnado e só
Sonhar-te tornou-se obsoleto
Esperar é quase a própria vida
E crer
No dia em que não partirás sempre
Nem serás sombra ou cilada
Que me assalta
E
Saqueado o dia
Esvaziada a noite
Outro verso torto
Foi o que sobrou
D’outra noite a sós
Eu e eu sem ti.
Ábaco Noturno - Magno Aquino