Explicação de Tristeza...
"De nada valeu a caminhada. Meus passos ficaram invisíveis no chão da vida"
Juliana M.
"Tristeza pode ser ter tudo, mas não querer nada. Pode ser estar cercado de pessoas, mas se sentir sozinho. Pode ter chegado onde ninguém chegou, mas se sentir fracassado. E acima de tudo, pode ser sentir o vazio."
Um lugar sempre frio, seja sol ou seja chuva. Uma casa cheia de janelas. Era sempre noite. Parecia ser.
Morava sozinha, como sempre. Nenhum animal, nenhum ser humano. Era tudo muito silencioso.
A TV anunciava as notícias do dia. Ou da noite. E sempre diziam o mesmo. O rádio não tocava as músicas que eu queria, porque elas eram o silêncio. O som da chuva. As goteiras. A cachoeira. Os sapos e as rãs, as cigarras. De quando em vez as abelhas e muito raramente... a mim mesma.
-...Claro, claro. Vou cuidar para que tudo esteja bem.
Falando ao telefone com meus pais. A distância de milhas e milhas era preocupante para eles.
A fome. O que cozinhar? Algo de meu interesse. Nada que fosse importante.
Depois, chegaria a noite. Que noite, se todo o tempo era noite? Então chegou o dia. Hora de me deitar.
A janela estava aberta, e um temporal se fazia lá fora. As cortinas esvoaçavam para dentro, molhando o chão de madeira que bebia das gotas de chuva.
-Olá. Disse alguém em meu ouvido, aos sussurros.
"A Solidão é assim: em certos momentos nos traz a paz em estarmos só, mas em outros, nos traz arrepios e calafrios em estarmos inseguros, sem ninguém para nos proteger."
Nylda.
-Quem está aí? Perguntei.
-Prefiro que não saiba... Sussurrou de volta a voz.
Senti um calafrio subindo na espinha, dando-me na imaginação horrores.
-Já foi embora? Perguntei.
-Eu nunca vou embora. Respondeu então.
Soltei um suspiro e fechei a janela.
-Olá? Perguntei novamente, mas dessa vez não houve resposta.
"Neste dia melancólico dou por mim a lembrar o passado com saudade e tristeza, pensando no que vivi e principalmente, naquilo que deixei de viver" 'Borboleta', leituraspoesias.blogspot.com
Passado alguns dias desde o acontecimento, resolvi mais uma vez deixar a janela aberta.
Chegada a noite, chamei.
-Olá? Minha voz saiu roca.
-Olá. Respondeu aquela mesma voz. Não soube o que responder, acabei no silêncio. Mas pude inventar algo, depois de minuto e meio.
-Foi embora?
-Nunca vou. Respondeu novamente.
-Quando fechei a janela, achei que tivesse ido embora.
-Mas não fui.
-Por que não me respondeu, então?
-Porque achei que não me queria.
Era estranho falar com alguém que não via. Mas sua voz acalmava tudo.
-Mas eu quero. Disse eu, sem saber no que pensar. A voz não respondeu. Fiquei em silêncio, esperando por algo.
"Não se pode rejeitar a tristeza, assim como não se pode rejeitar a sombra. A grande beleza de uma paisagem é o contraste entre a luz e a penumbra" Secret Moon
Deixando todos os dias a janela aberta, esperando ouvir aquela voz novamente. Algo me encantara, fazendo com que eu somente ouvisse o que queria. Eu enlouquecera? Talvez. Mas nenhum resposta viera.
"Saudade pode não ter cor, mas pode ter cheiro. Não podemos ver nem tocar, mas sabemos o quanto é grande." Spectrum Gothic
-Olá? Chamou a voz. Meus olhos se abriram mais que podiam e o coração já batia mais forte.
-Olá. Respondi, tentando me controlar.
-Senti sua falta. Declarou a voz.
-Como pode sentir a falta de alguém que nunca conheceu? Perguntei.
-Eu conheci. Disse.
Eu cocei a cabeça, refletindo.
-Como?
-Ouvi suas palavras...E estas me deram a certeza.
-Certeza de que? Perguntei.
A voz ignorou minha pergunta.
-Venha me encontrar. Pediu.
-Onde?
-Ande até a janela e tente alcançar a lua... Se conseguir, quer dizer que já me encontrou.
Bia Blanc