Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias

 



No dia 27/11/2023 foi promulgada a Lei 14.737 que altera a Lei 8.080, de 19/09/1990 - Lei Orgânica da Saúde, para ampliar o direito da mulher de ter acompanhante nos atendimentos realizados em serviços de saúde públicos e privados.

Leia a Lei na íntegra.

Olhos - Adriano Pelá


 



Olhos, janelas d'alma!

Vislumbro essência sua,

Alçando voo às sublimes alturas,

em busca do néctar, lastro de suas criações,

Espaço restrito a eleitas,

atentas às inspirações!

Sítios exclusivos, aos que vibram em sintonia,

com as emanações celestiais,

trazem à luz, poemas transcendentes

Dádivas etéreas das esferas angelicais


O Rouxinol do Imperador - Hans Christian Andersen

 O palácio do imperador da China era uma das coisas mais bonitas que existiam no mundo. Construído em mármore branco, possuía torres de marfim, paredes revestidas com tecidos de cores variadas e quartos decorados com ouro e prata. Era realmente uma maravilha! O jardim também era de enorme beleza; nele cresciam flores raras e belas. Havia inúmeros rios e lagos, onde nadavam peixes de todas as espécies e tamanhos. 

Para além do jardim, se estendia uma mata, que chegava até o mar e no interior dela vivia um rouxinol de canto único. De sua pequenina garganta saíam melodias tão emocionantes, que faziam chorar quem as escutasse. Turistas do mundo todo iam admirar o palácio do imperador chinês e ficavam maravilhados diante de tanta beleza. Mas, quando ouviam o canto do rouxinol, todos admitiam que aquilo sim era a coisa mais bonita e rara do grande império. 

Entre os visitantes havia escritores que, ao retornar às suas pátrias, escreviam livros a respeito do prodigioso pássaro que vivia no centro da mata, próximo ao palácio imperial. E dedicavam a ele os maiores elogios, muito mais do que à maravilhosa casa do imperador chinês. Um dia, um daqueles livros chegou às mãos do imperador. O soberano o leu e ficou, ao mesmo tempo, surpreso e enfurecido. Mandou logo chamar o primeiro ministro. 

— Incrível! No bosque que faz divisa com os jardins imperiais vive um rouxinol cujo canto é incomparável, e eu o desconheço! Tive que ler um livro estrangeiro para aprender que a maior maravilha de meu país é um pássaro de voz de ouro, e não este meu soberbo palácio! Diga-me, por que não fui informado? 

— Eu também ignorava o fato, meu senhor — respondeu o primeiro-ministro, assustado com a ira do imperador. — Mas vou descobri-lo. 

— E que seja muito breve. Nesta noite mesmo o rouxinol deverá cantar somente para mim. O primeiro-ministro iniciou as buscas. Interrogou príncipes e nobres, guardas e cavaleiros. Ninguém sabia da existência de tal ave. Sem nada descobrir, o primeiro-ministro voltou ao imperador: 

— Meu senhor, não se consegue encontrar o rouxinol. Talvez não exista, talvez seja apenas invenção do autor do livro. 

Mas o imperador não quis explicações. Exigia prodigioso rouxinol! Ou naquela noite o rouxinol cantava para a corte, ou o primeiro-ministro seria punido. 

O pobre homem recomeçou a percorrer ruas e praças, perguntando a todos sobre o tal pássaro. Por fim, encontrou na cozinha imperial uma serviçal que comentou: 

— O rouxinol... Conheço-o, sim. Às vezes, à noite, paro no bosque para ouvir seu canto maravilhoso. Tem uma voz tão bela e harmoniosa, que chego a chorar de emoção. 

— Poderia me ajudar a procurá-lo? 

— Claro que sim, Excelência. 

Imediatamente, ele mandou organizar uma comitiva de cavaleiros e cortesãos para, sob orientação da serviçal, ir procurar o rouxinol na mata. Estavam andando já há algum tempo, quando se ouviu um mugido. Os cavaleiros pararam, curiosos. 

— Deve ser o rouxinol cantando. Que voz agradável! 

— Esse foi o mugido de uma vaca — riu a mulher. —O rouxinol vive mais longe. 

Após longa caminhada, a serviçal parou em frente a uma árvore e mostrou uma ave minúscula, de plumas acastanhadas, que saltitava entre os galhos. 

— Ali está, aquele é o rouxinol, o pássaro de canto comovente. 

O primeiro-ministro e seu séquito ficaram desapontados com o aspecto modesto do rouxinol. Nem de longe sua aparência era comparável à beleza do palácio. Porém, quando escutaram sua voz, todos ficaram encantados. E convidaram-no para ir à corte. O rouxinol aceitou o convite. 

Foram feitos grandes preparativos para sua chegada: flores por toda parte, assoalhos encerados e brilhantes, e uma gaiola toda de ouro, no meio da sala do trono, para o pequeno e ilustre cantor. Sentado no trono, o imperador aguardava com impaciência o momento em que escutaria as maravilhosas melodias que todos comentavam. Assim que chegou, o rouxinol pousou sobre a gaiola, olhou com respeito o ilustre anfitrião — o imperador da China — e começou a cantar. Seu canto era tão comovente que o ‘imperador chorou, emocionado. Terminado o concerto, ele disse para o rouxinol: 

— Fique comigo para sempre, para minha felicidade. Em troca, terá tudo que pedir, tudo que mais o agradar! Tudo que quiser. 

— Majestade — respondeu o passarinho. — Enquanto eu cantava, vi lágrimas em seus olhos. Isto, para mim, é a recompensa maior, não peço mais nada. Se Vossa Majestade assim o deseja, estou pronto para abandonar a mata e alegrar sua vida com minha voz, sempre que quiser. 

E assim, o rouxinol ficou no palácio, abrigado na gaiola de ouro pendurada nos aposentos do imperador. Cantava frequentemente para seu amo e uma vez por dia dava um passeio no jardim — mas preso pela patinha a um fio de seda conduzido pelo primeiro-ministro. 

Um dia, o imperador da China recebeu um presente de seu amigo, o imperador do Japão: um maravilhoso rouxinol mecânico, todo de ouro. Suas asas eram enfeitadas com diamantes, a cauda exibia safiras e os olhos de rubis. Bastava girar uma pequena chave, e o rouxinol mecânico cantava uma linda melodia. Porém, o rouxinol verdadeiro cantava com o coração e o outro, com molas e cilindros de aço. As duas vozes não combinavam, e o imperador se aborreceu: 

— Que o rouxinol mecânico cante sozinho! — ordenou. 

Trinta vezes seguidas o belo brinquedo repetiu a mesma melodia sem mudar uma nota sequer, entre aplausos e elogios da corte que o ouvia. Na trigésima primeira apresentação o imperador disse que já era o bastante. 

— E agora, que cante o rouxinol verdadeiro! — ordenou. 

Mas o passarinho não foi encontrado. Aproveitando-se do descuido geral, tinha voado pela janela aberta em direção à mata, onde sempre vivera em total liberdade. Mas o imperador não ficou triste, pois afinal estava satisfeito com o rouxinol mecânico. Para que todos os súditos admirassem seu rouxinol, permitiu um espetáculo público. Muitos se deslumbraram. Mas quem já ouvira a voz do rouxinol verdadeiro, na mata, não se convenceu: — Há enorme diferença entre os dois... 

Não importava a opinião dos outros. O imperador, a cada dia que passava, ficava mais animado com aquele extraordinário brinquedo. O aparelhinho repousava em uma almofada de seda, ao lado da cama do soberano, que a cada momento lhe dava corda, contente com aquele canto sempre igual. 

Certa noite, o delicado mecanismo se rompeu, produzindo um ruído estranho. O imperador mandou chamar um experiente relojoeiro, que encontrou uma mola quebrada e trocou-a. Mas avisou ao imperador que o mecanismo já estava bem gasto, e que o rouxinol mecânico só poderia cantar uma vez por ano, para evitar que quebrasse definitivamente. O imperador ficou muito triste com isso, mas foi obrigado a seguir o conselho do relojoeiro. 

Passaram-se os anos, e um dia o imperador adoeceu gravemente. Repousava entre seus lençóis de cetim e as cobertas de seda bordadas mas, apesar de tanto luxo, estava só. Nobres e ministros discutiam a sucessão ao trono, médicos pesquisavam novos remédios para receitar ao ilustre doente, a criadagem dormia. Ninguém fazia companhia ao enfermo. Em certo momento, o imperador abriu os olhos e viu a Morte sentada a seu lado, em seu assustador manto negro, encarando-o silenciosamente. Entendeu que chegara sua última hora, e então se virou para o rouxinol mecânico e sussurrou: 

— Cante, suplico-lhe. Cante, quero escutar sua voz mais uma vez, antes de morrer. 

Mas o rouxinol permaneceu calado. Não havia ninguém que lhe desse corda, e ele, sozinho, não podia cantar. De repente, uma melodia muito doce, enternecedor ressoou nos aposentos. No parapeito da janela, estava o rouxinol verdadeiro. O passarinho soubera da morte inevitável do imperador e viera trazer-lhe seu consolo musical, ainda que sem ouro, brilhantes, safiras e rubis. A Morte também se pôs a escutar aquele doce canto e, quando o rouxinol se calou, pediu para que continuasse. A música se espalhou pelo amplo aposento e, a cada nota, o imperador se sentia melhor. Enquanto isso, dona Morte foi se afastando devagar. 

— Repouse, agora, Majestade — disse com carinho o rouxinol. — Amanhã acordará curado. 

E ficou ali, com seus gorjeios, entoando uma suave canção de ninar. No dia seguinte, ao despertar, o imperador se sentia bem e se levantou. O rouxinol ainda estava no parapeito da janela. 

— Meu salvador! — disse-lhe o imperador. — Fui ingrato com você, ao preferir o rouxinol mecânico. Mas agora pretendo me desculpar. Vou destruir aquele tolo brinquedo, se quiser, mas peço-lhe que nunca mais me abandone. 

— Não me peça isso — respondeu o rouxinol. — Vou ficar com muito gosto junto de Vossa Majestade, mas com a condição de não me prender mais na gaiola. Deixe-me livre, permita que eu viva nos bosques. Virei cantar sempre que quiser, e também lhe contarei tudo o que vejo no seu império. Assim, saberá das injustiças que devem ser punidas, e das boas ações que merecem ser recompensadas. Seu povo poderá ser bem mais feliz. 

O imperador concordou, e o rouxinol foi embora. Mais tarde, na hora em que os cortesãos, médicos e empregados entraram no aposento do doente, temendo encontrá-lo morto, viram-no em pé, alegre, feliz e bem-disposto. E nunca souberam, nem sequer imaginaram, o motivo de tal prodígio.

Dom Quixote - Adelina Lopes Vieira


 


Paulo tinha seis anos incompletos; 

tinha só quatro o louro e gentil Mário. 

Foram à biblioteca, sorrateiros, 

e ficaram instantes, mudos, quietos, 

a espreitar se alguém vinha;

 então, ligeiros como o vento, 

correram p'ra o armário, 

que encerrava os volumes cobiçados:

 eram dois grandes livros encarnados, 

cheios de formosíssimas gravuras, 

mas pesados, meu Deus! 

0s pequeninos porfiavam, cansados, 

vermelhitos, por tirá-los da estante. Que torturas! 

'Stavam tão apertados, os malditos! 

Enfim, venceram não sem ter lutado... 

Paulo entalou um dedo, o irmãozinho, 

ao desprender os livros, coitadinho! 

cambaleou, e foi cair... sentado. 

Não choraram: beijaram-se contentes 

e Paulo disse a Mário: Que bellote! 

vamos ver à vontade o D. Quixote, 

sem os ralhos ouvir, impertinentes, 

da avó, que adormeceu. 

Oh! que ventura! 

Mário, tu não te mexas, fica atento: 

eu vou mostrar-te estampas bem pintadas 

com uma condição: cada figura 

há de trazer ao nosso pensamento 

uma dessas partidas engraçadas, que eu sei fazer. 

Serve-te assim? 

— 'Stá dito. 

Oh! que homenzinho magro! 

Que esquisito! Quem é? 

— É D. Quixote. — o barrigudo é dona Sancha, 

que a mamãe me disse. 

— Dona Sancha é mulher. 

Oh! que tolice! O nome que ele tem, bobo, é Pançudo. 

— Que está fazendo o padre na cadeira, a entregar tanto livro à rapariga? 

— São livros maus, que vão para a fogueira. 

— Quais são os livros maus? 

— Não sei, mas penso que devem ser os que não têm dourados nem pinturas. 

Por mais que o papai diga que o livro é sempre bom, não me convenço. 

— Ouves? Chamam por ti, fomos pilhados! 

— Meu Deus, como há de ser? 

Mário, depressa, vamos arrumar isto; assim. 

— Não cessa de chamar-nos a avó! 

— Pronto. 

— Inda faltam três livros.

 — Já não cabem. 

— Que canseira! 

— Têm figuras? 

— Não têm. 

— Capas bonitas? 

— Também não têm. 

— Então são maus e saltam pela janela: atira-os à fogueira. 

Eram Sêneca, Eurico e Os jesuítas. 

Escaparam do fogo os condenados, 

ficando um tanto ou quanto amarrotados. 

Salvou-os o papai, mas impiedoso, 

fechou a biblioteca, e rigoroso condenou os dois réus, feroz juiz!

 A soletrar... 

os Contos Infantis

Agora é Lei: Toda mulher tem direito a acompanhante maior de idade em consultas, exames e cirurgias

  No dia 27/11/2023 foi promulgada a Lei 14.737 que altera a Lei 8.080, de 19/09/1990 - Lei Orgânica da Saúde, para ampliar o direito da mul...